quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Aurora - Artistas Ilustres

Por: João Tavares Calixto Júnior.

  
     Berço de respeitável penca de personas gratas à cultura cearense, o município de Aurora, fronteiriço das regiões centro sul e cariri do estado, conta honrosamente em seus anais artísticos, uma história gloriosa.        
    Aproximando-se a data em que se comemora a alforria enquanto município, a terra que se ensopa d'águas doces do salgado, respira hoje um misto de ares culturais merencórios e coetâneos.  
     Saudosismo se vê, em exemplo, quando se dita lista de artistas brotantes de seus rincões, que não mais conosco estão, ainda que a obra de contribuição marcante entre os vivos o esteja. Na contemporaneidade, é Aurora mãe de lendas vivas. Das que se figuram em seus meios, entre as maiores do país! 
     Este oxigênio de mistura temporal-cultural que se respira é motivo de orgulhamento para os filhos da terra. Num momento de expansão da dimensão de apoio à cultura na qual se encontra o lugar, vê-se na orbe dos famosos, discretos aurorenses, que se destacam sem perseguir notoriedade. Exemplo este é Geraldo Simplício, o Nêgo. Artista plástico renomado, conhecido por ser pai de técnica pioneira em esculpir rochedos. Nascido em Aurora a 24 de fevereiro de 1943, Simplício integra um clã de artistas, sendo vários com contribuição autóctone no município. Cizim e Zé Simplício não me deixam errar. O aurorense que há 40 anos vive na cidade serrana de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, tem em sua residência - Km 53 da estrada Teresópolis-Nova Friburgo - um jardim com esculturas gigantescas talhadas em barrancos que se encobertam com musgos nativos, dando impressões únicas ao trabalho. 
     O menino pobre que saíra de Aurora para o mundo ganhar, recebera antes, do saudoso Padre Luna, elementar alcunha: Nêgo. E assim ficou batizado, antes mesmo de ingressar no monsteiro de São Bento, onde seria reconhecido como escultor de talento.
     Fez Geraldo Simplício em 1966, a sua primeira exposição ainda em Crato, no Ceará, e antes de mudar-se para o Rio de Janeiro. Expôs ainda na capital cearense em 1967 e em 1968, foi a vez da capitania que deu mais lucro aperceber as obras do futuro grande artista a se criar, e em dupla ocasião, na capital pernambucana, viu-se exposição de Nêgo no IBEU e na EMPETUR.
     É Geraldo hoje dono de um jardim considerado único no mundo, com trabalhos conhecidos por gente das partes distantes do planeta, que sabem através da existência do Nêgo, a importância do município de Aurora, no Ceará, como importador de excepcional talento singular.

Família - Jardim do Nêgo
Nêgo e escultura - Jardim do Nêgo

     Aurorense outro que grande renome e fama trajava, atendia por Aldemir Martins. Deixou triste o país em 2006, a 6 de janeiro, por receber pedido de morar no céu, e aceitar. Em Ingazeiras, distrito aurorense, nascia que por coincidência do destino, a 8 de novembro do ano da maior manifestação artística da história tupiniquim - 1922 - um artista pronto, e com polivalência. Filho de Miguel de Souza Martins e Raimunda Costa Martins, foi Aldemir viver com a família no município de Pacatuba, aos 11 de idade. No Colégio Militar em Fortaleza, já se destaca em 1934, por habilidades com desenhos. Ganha seu primeiro prêmio em concurso promovido ainda no exército, quando serviu de 1941 a 1945. Trabalha no início da década de 40 como ilustrador em jornais e revistas, e juntamente com outros artistas, funda o SCAP (Grupo Artys da Sociedade Cearense de Artistas Plásticos). 
     Para São Paulo, muda-se em 1946, onde se fixara de vez, apesar de viver em Roma entre 1960-1961. Começa-se então, o amadurecimento do estilo que lhe seria peculiar por sempre: A retratação do Nordeste e a transgressão. Ora com lirismo, ora com dramatização e aspereza, o artista transcreve o "Norte" e o "ser brasileiro" e participa de vários salões pelo Brasil, angariando prêmios e derramando voga. Notória era já a obra do rapaz Nordestino, que trazia a Nordestindade à tona brilhantemente. Foi considerado por muitos como um dos maiores artistas plásticos brasileiros da história, e o maior desenhista do mundo (Bienal de Veneza - 1956), até parar, em 2006, deixando este lado da existência na capital argentina.


Aldemir Martins
Aldemir Martins - Cangaceiro (1988)



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