sábado, 17 de julho de 2010

Extração de areia do Rio Salgado: Isso é bom ou ruim?

 

     A retirada de areia do leito e das margens do Rio Salgado está provocando uma drástica devastação de sua qualidade e de suas características gerais. O fato é que a extração ao longo dos seus meandros, que acarreta a formação de portos de areia, está provocando inúmeras mudanças no seu curso natural, aprofundando o leito central, criando braços mortos, alargando suas margens e baixando rapidamente o nível da lâmina d'água. Essas alterações ainda podem provocar outros problemas, como o descobrimento do sistema de captação de água das cidades banhadas pelo mesmo, além da diminuição da velocidade das águas e da capacidade de dispersão de poluentes e detritos, aliado a um completo descontrole de sua vazão. A reação do Rio a essas mudanças ocorre de forma em que fauna e flora aquáticas vão se adaptando aos poucos às novas condições ambientais.
    O índice de extração aumentou muito desde a segunda metade da década de 1990 e alcançou seu ápice exatamente nos dias atuais, devido principalmente ao estímulo à construção civil. Nunca se construiu tanto em Lavras da Mangabeira e cidades adjacentes (Missão Velha, Aurora, Icó) e o resultado desta aceleração é o desaparecimento dos bancos de areia, a retirada quase que total da flora ciliar e o crescimento vertiginoso da exploração ilegal e predatória. 
    O que se faz hoje com a exploração de areia do Rio Salgado é tão criminoso quanto as várias formas de poluição que o atingem desde o seu nascedouro, na Chapada do Araripe.
    É importante salientar ainda, que essas práticas tendem ainda a aumentar com a completa ausência de fiscalização e conivência de algumas autoridades competentes.
    Nunca existiu um estudo aprofundado sobre as alterações provocadas pela extração de areia no Rio Salgado, mas de acordo com inventário realizado e publicado no trabalho intitulado "Estrutura e utilização da flora ciliar do Rio Salgado, Lavras da Mangabeira", publicado nos anais da XXX Reunião Nordestina de Botânica (2007), demonstra que a exploração de areia, com a consequente retirada da vegetação ciliar provocou alterações no curso das águas. Em estudo etnobotânico, realizado durante a elaboração do mesmo trabalho, foi possível evidenciar que os moradores ribeirinhos sentem a falta de espécies vegetais antes existentes nos leitos do rio, assim como um grande desgaste do percurso das águas causado pela extração de areia.

    Um Rio tão importante como o Salgado, que corta cidades com tanta significância para o Ceará, não pode viver ao sabor de "alavancamentos" da construção civil e sem nenhum respeito às suas caracteírsticas físicas e bióticas. Recomenda-se neste blog, que sejam realizados estudos específicos para indicar os locais mais adequados à extração de areia, assim como estratégias de controle, fiscalização e inibição desta prática que desrespeita a vida.

Por: João Tavares Calixto Jùnior

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A Morte do Rio Salgado - Por Luiz Domingos de Luna*-

É urgente uma política de conscientização sobre a importância da relação entre o homem e seu espaço geográfico, pois, o nível de harmonia entre os seres vivos e o meio ambiente é condição básica para a continuidade da vida no planeta. Este artigo é um sinal de alerta para que as autoridades, as instituições e a sociedade como um todo possam refletir que o progresso, a ocupação humana de forma desordenada e, a interatividade social, sem uma preocupação com o meio ambiente, sem uma política consistente de avaliação sobre os ecossistemas, e, principalmente, sobre a agressão gratuita ao Rio Salgado pode se converter numa situação irreversível e danosa a toda a população da região do Cariri; com implicações devastadoras para todo o sul do Estado do Ceará, Os Impactos ambientais causados pela violência com o Rio Salgado, já são visivelmente sentidos pela diminuição e, até mesmo, extinção da fauna fluvial e da flora ciliar, pois, ao primeiro contato com os habitantes mais antigos que viveram toda sua vida ao lado do leito do rio, se observa um clima de saudosismo, tristeza, onde enumeram inúmeras espécies de peixes, aves e vegetação que já não existem e, muitas vezes, são raros os exemplares que até bem pouco tempo existiam em abundância. O Rio Salgado é uma prova viva da rapidez de destruição deste ecossistema, tão importante e vital para a nossa região. As recentes enchentes, onde centenas de casas, pontes e barragens, foram destruídas pelo Rio Salgado (janeiro/fevereiro, 2008) é uma reação violenta da natureza, quando esta, é agredida, gratuitamente, sem nenhum planejamento, sem nenhum estudo científico prévio, e, quando é tratada sem seriedade pelo homem. Enquanto a água está sendo reconhecida mundialmente como o bem mais precioso do século, o Rio Salgado está morrendo, pois os dejetos e resíduos domésticos, industriais, hospitalares e públicos estão sendo despejados no rio que corta os municípios de Crato-Ce, Juazeiro do Norte-Ce, Barbalha, Brejo Santo, Missão Velha, Milagres, Caririaçu, Aurora, Lavras da Mangabeira, Cedro e Icó desembocando no Rio Jaguaribe abaixo do açude Orós, {após a ponte de Piquet Carneiro} ao longo deste percurso, o Salgado é poluído e como conseqüência contamina o lençol freático da região. O Rio Salgado necessita urgentemente de uma limpeza geral, uma política educacional escolar de conscientização ecológica, a, também, mapeamento de todas espécies que são o relato vivo "de priscas eras" do renomado patrimônio geográfico do Ceará, na compreensão da consistência do solo, fauna e flora – BUQUEIRÃO DE LAVRAS DA MANGABEIRA Certidão de nascimento da composição química e biológica(amostras de plantas do cerrado),( amostras de morcegos em extinção) ao sabor de sua caverna, um historia que porta no seu DNA o fragmento de uma geografia que não deve calar.
Urge assim, que iniciativas como a do renomado pesquisador e biólogo caririense João Tavares Calixto Júnior, seja, Praza Deus! Uma constante, a todos nós biólogos e estudiosos dos fragmentos de uma bola por enquanto – Ainda azulada – Planeta Terra.
(*) É colaborador do blog de Lavras