quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Os Filhos da Caatinga

Por: João Tavares Calixto Júnior.



       Foi publicado já neste mês de setembro (2011) na capital cearense o livro Os Filhos da Caatinga, de autoria de Pereira de Albuquerque. Até então, tudo normal e corriqueiro, por se tratar o autor, de literato de obras notadamente interessantes, com contribuições em verso e prosa. O que nos faz atentar, sobretudo, é o tema com qual trata o agente: Suas passagens enquanto aluno da Escola Agrícola de Lavras da Mangabeira. 
       Sabendo extrair do passado a base de seu texto, Albuquerque investe na busca do tempo perdido da adolescência e acende no coração de todos os lavrenses as memórias do Colégio Agrícola. Conquanto romanceado, como se refere o próprio autor à obra, "Os Filhos da Caatinga" é, em essência, um livro de memórias, não havendo em nenhuma passagem, apologia à inverdade ou cunho difamatório.
       Prefaciado por Dimas Macêdo e dedicado aos notáveis antigos professores e alunos do saudoso Iniciação (Colégio Agrícola), o Ipaumirinense descarrega nas páginas do livro uma bagagem cultural fortemente alicerçada em saudosismo e jocosidade. As estórias de brincadeiras, privações, devaneios e aventuras de centenas de estudantes, que apartavam de seus lares e internavam-se na Escola histórica em busca de um porvir digno, surpreendem pela verossimilhança à realidade local profundamente enfatizada em trechos empolgantes e emocionantes.
       A história real dessa Escola que torna-se um marco cronológico nas Lavras dos Augustos, será ainda lançada, estando sendo conquanto, elaborada, ao punho deste que vos apresenta a obra de Pereira de Albuquerque, e vos aconselha, ao mesmo tempo, a se deleitar neste texto intrinsecamente  dotado de profunda sensibilidade e bom gosto.


Ver também em: http://redeblogsdoceara.blogspot.com
  

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Lampião Místico!!!

Lampião Místico
Por Luiz Domingos de Luna:


Sendo Conhecedor de que no Sítio Coxá no município de Aurora havia uma mina de ouro o patriarca da Ordem Santa Cruz, visando preservar este patrimônio de riqueza mineral impar no Ceará, repassa a sua propriedade aos cuidados dos integrantes da Ordem Santa Cruz, assim é construído um quartel da igreja rural Laica no sitio Carro quebrado nominado de Auto de Canudos no município de Aurora.
A Minha querida irmandade, seguindo o rito antigo e aceito, foi informada de que bandoleiros de outras priscas viria Roubar o Bezerro de Ouro do meu superior e patriarca da Ordem Padre Cícero Romão Batista, esses ladrões bandoleiros, já eram acostumados a devorar templos sagrados da Igreja rural Laica verdadeiros piratas do sagrado queriam tirar o nosso Bezerrinho de Ouro que, a entrada da ordem neste município, pelos irmazinhos lazaristas, o dinherinho arrecado com a venda do “bezerro de Ouro” serviria para a futura construção da diocese, visto esta ainda, uma utopia, em processo de andamento apenas um pequeno seminário na cidade motor primeiro da civilidade no cariri.
No século XIX, a Ordem Santa Cruz, já estava bem consolidada na região do cariri, principalmente, nas cidades de Barbalha e Aurora ainda vila, com a ameaça de bandoleiros pagãos, não restou alternativa senão convidar o simpático da Ordem o irmão Lampião, ainda como postulante dos votos sacros da Igreja Rural Laica no Cariri.
Com a chagada do aspirante, nós da ordem achamos por bem fazer a iniciação, o que foi feito no dia 3 de junho, 1927 na Braúna Santa – Aurora-CE - presentes solenidade litúrgica os Irmãos Izaias Arruda, Massilon Leite, Zé Cardoso e outros, bem como todas as foranias do cariri.
Houve uns problemas nosso, no Sítio Ipueiras, mas ressalte-se com prejuízo mais para os integrantes da Ordem do que para a sociedade laica.
A Vigilância agora, na nossa Igreja Rural Laica – carro quebrado- Aurora-CE – O Irmão Lampião, Massilon Leite, Izaias Arruda e Ze Cardoso e outros fizeram a panelinha e colocaram as cinco pontas de defesa do bezerrinho de ouro de meu Padrinho Padre Cícero, ameaçado por bandoleiros pagãos.
O Pobre do irmão Massilon Leite, sempre alimentando uma paixão sem fim por uma ricona de Mossoró cuja família não aceitou o casamento, pois via no pobre irmão um cangaceiro, um bandoleiro. Haja Sofrimento expulso de seu estado natal, a ricona foi trabalhar em um banco e noivou com um ricão, o pobre penitente pediu ajuda aos pobres irmãos vigilantes e foram raptar a menina em Mossoró, a imprensa laica noticiou como uma invasão a querida Mossoró o que fui um show para a imprensa conservadora, os nossos irmãos não morreram por sorte, mas o lampião sofreu tantos tiros que dançava igual a uma bailarina daí o nome da igreja Rural Laica ainda ter este infeliz nome de cemitério da Bailarina.
Este rapto da ricona de Mossoró foi uma página triste para a história da Ordem Santa Cruz pois, criou um cisão interna Muito grande, hoje vários de nossos decuriões estão enterrados pela distorção de ritos/ Padre Ibiapina/ Padre CÍcero/ Assim, nós da ordem, pedimos sinceramente perdão a todos os queridos habitantes de nossa querida Mossoró no Rio Grande do Norte – RN. Perdão e clemência!!!
A Minas de Ouro do Coxá- Aurora – Ceará, foram entregues a CPRM e em seguida A Companhia Vale do Rio Doce.
A Propriedade da Ordem Santa Cruz foi desapropriada pelo governador Tasso Ribeiro Jereisati e entregue a Doze famílias, outrossim a Igreja Rural Laica se encontra lá sorridente, não mais com o nome de Auto de Canudos – mas cemitério da bailarina. Mas quero ressaltar que não existe cerca. O Monte Santo é cuidado, e sempre foi, com Muito cuidado pelos meus irmazinhos da Ordem Santa Cruz – Penitentes – forania do cariri.
Este documento foi feito pelo Mestre de ordem - Ordem Santa Cruz – Penitentes forania do cariri- colhido na oralidade perdida – Luiz Domingos de Luna, ressalte-se porém, que tem sua nulidade imediata ao toque de recolher por qualquer superior da ordem, bem como retratação imediata do autor ao chamado para se explicar – prefiro errar com a ordem do que acertar sozinho.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Cariri Cangaço em Aurora - Efervescência Cultural!


                                                                  Foto: Paulo Sérgio de Carvalho

     Um grande sucesso! É assim que se pode resumir a realização do III Seminário Cariri Cangaço acontecido na noite desta quarta (21) em Aurora - CE. O Evento foi anfitrionado pelo Secretário de Cultura do Município, o escritor Professor José Cícero, que juntamente a outros pesquisadores foi responsável por momentos de profundo aprendizado histórico-sociológico aos que se fizeram presentes no salão paroquial. 
     A beleza da festa foi ampliada ainda mais pela presença de jóias da cultura local, sumptuosamente representada pelo poeta Cícero Cosme. O mesmo demonstrou através do jovial talento, toda a resiliência e a não sucumbência da poesia e do cancioneiro popular na terra do Menino Deus. Apresentação deleitosa ainda, de encenação do aspecto personal de Lampião, foi feita pelo jovem Lamarck Dias, que conseguiu, além de atrair a curiosidade visível no olhar de cada um que lá se encontrava, mostrar a presença da juventude no momento de expansão cultural na qual se encontra Aurora.



     A presença da imprensa até de outros municípios (Rádio Vale do Salgado - Lavras da Mangabeira), juntamente com uma maciça gama de intelectuais especializados, cada um com duradoura bagagem de conteúdo absolutamente rico sobre o assunto, fez com que o Cariri Cangaço ganhasse status de "momento histórico". É salutar destacar ainda, a maneira receptiva com a qual a administração local geriu o evento, destacando mais precisamente a pessoa do secretário José Cícero. Dono de um bom gosto inigualável, Cícero é sempre tenaz em relação a seus preceitos. A mescla de pesquisador curioso com objetividade sempre constante, faz e sempre fez muito bem aos aurorenses, que somente agora, têm a oportunidade de poder absorver toda a sensibilidade que lhe é peculiar.
                                          Secretário de Cultura José Cícero - Foto: Paulo Sérgio de Carvalho

     Parabéns a Manoel Severo (Idealizador do movimento) e a todos que fizeram acontecer em Aurora este instante de verdadeira efervescência cultural, junção de talento, trabalho, sapiência e boa fé, que abre as portas para que seu povo entenda o verdadeiro significado da expressão:  "Um povo sem história, é um povo sem memória..."

Por: João Tavares Calixto Júnior 

terça-feira, 20 de setembro de 2011

De Verdeixa a Padre Evaldo - 198 anos da Paróquia de Lavras

                                                     Foto: Cortesia - Site da paróquia São Vicente Ferrer

     A igreja católica sempre teve um papel preponderante na criação dos centros urbanos no Brasil e no mundo. As comunas alicerçavam-se esfericamente diante das capelas que eram erguidas por devoções de latifundiários a seus padroeiros como ato de agradecimento, ou homenagens póstumas. Em Lavras da Mangabeira a nucleação sócio-religiosa aconteceu de forma diferente.
     Como conta Dimas Macêdo, Lavras é a única cidade do Ceará a surgir sem a influência da edificação sacra, e sim, primeiramente pela cobiça dos aventureiros e posterior fixação da sede da Capitania em suas cercanias (1752-1754), evoluindo tão somente, depois de certo tempo, em termos político-administrativos.
       Criada como Freguesia de São Vicente Ferrer de Lavras em 1813, sendo que já em 1768 existia a capela com mesmo nome construída pela Pe. Joaquim de Figueiredo Arnaud, capelão do povoado de São Vicente, a Igreja Matriz de São Vicente Ferrer de Lavras da Mangabeira, que em 2011 comemora 198 anos, é ainda a principal edificação do município com suas torres imponentes e arquitetura indiscutivelmente ímpar.   



      A paróquia teve como primeiro vigário (na freguesia), o Pe. Joaquim José Xavier Sobreira e desde então, 34 outros sacerdotes assumiram. Dentre eles, figuras de importância social, cultural, econômica e histórica não só de Lavras, mas de todo o Ceará cravaram seus nomes por fazerem transcorrer no tempo, ações que os esmereceram. 
     Quando passou a ser oficialmente cidade, em 1884, a paróquia de Lavras era regida pelo Pe. Meceno Clodoaldo Linhares, (MONSENHOR MECENO) que tomara posse em 1875 e que, durante 49 anos, conduziu brilhantemente a missão, conservando-se pelo enorme respeito de seus paroquianos, sendo também deputado provincial por quatro biênios.
    Homem virtuoso, o Padre ALZIR SAMPAIO foi outro grande nome que honrou o compromisso sacerdotal. Representou a paróquia por 33 anos (1938 - 1971) com intensa dedicação, sendo conhecido por sua austeridade e respeito aos dogmas da igreja e da missão evangelizadora.
     Conhecido por "Canoa Doida", Alexandre Francisco Cerbelon Verdeixa (PADRE VERDEIXA) foi um legendário vigário em Lavras de 1830 a 1831. Trata-se de uma figura fantástica na História do Ceará, atuando mais na imprensa que no clero. Fundou jornais, combateu poderosos, foi perseguido, tendo que sempre fugir da polícia, transformando-se por isso mesmo numa figura mitológica.
     Na verdade tudo o que se relata sobre o Padre Verdeixa beira o inusitado, o jocoso e o surreal. Era já um ecologista em seu tempo, sendo deputado por dois biênios, onde deixava claro em seus discursos e escritas as indignações com o desmatamento existente já com tanta amplitude, além de enfatizar com veemência a aversão por seus adversários políticos.
     Foi citado pelo Barão de Studart que escreve sobre a Biografia de uma figura original: (...) "deixou em sua meninice e juventude provas de completo desequilíbrio mental, que a idade não modificou para melhor nem os desenganos e desgostos a que deu origem sua vida de desregramentos e de lutas contra todos e contra tudo. Ordenaco padre no Seminário de Olinda, foi vigário em Lavras da Mangabeira em 1831. E, um ano mais tarde, de Cantagalo, no Rio de Janeiro, quando fugitivo do Ceará..." 
     O Padre que batizou Fideralina, era segundo Raquel de Queiroz, mestre em ações indecorosas, e fazia propostas imorais às noivas dos casamentos que celebrava. Conta-se que o cura, após abençoar um casamento, dirigiu-se à residência do pai da noiva na zona rural de Lavras, para da festa participar, tomando parte também, e a paisana, no sarau dançante. Bailando e rodopiando com a noiva, dava-lhe fortes umbigadas. O noivo e outros convidados expulsaram-no do recinto a pauladas. (Extraído do Livro "São Vicente das Lavras"  de Joaryvar Macêdo)
     Em meio a tantas confusões de outrora, a Igreja de São Vicente Ferrer é hoje portanto, sinônimo de altivez. Capitaneada pelo aurorense Pe. Benedito Evaldo Alves (PADRE EVALDO), que desde junho de 2001 norteia a comunidade desta terra para os princípios cristãos da caridade, e do amor ao próximo, sendo sempre benevolente em sua missão de guiar suas ovelhas, a paróquia se prepara para o jubileu de 200 anos de sua criação (30/08/1813 - 30/08/2013). Sempre engajada no fortalecimento dos ideais cristãos, a paróquia estende-se para fora de seus portões e leva aos homens a palavra de Deus a partir de grupos como o ECC, EJC e Pastorais espalhadas pelos bairros da cidade. 


                                      Símbolo comemorativo do Jubileu da Paróquia de São Vicente Ferrer

     Extremamente ético, Padre Evaldo é exemplo de seriedade, respeito, senso crítico, disciplina e é dono de um amor ao oficio sacerdotal que toma proporção equiparada à grandeza histórica da própria paróquia que o guarda como um de seus maiores bem feitores.  


Por: João Tavares Calixto Júnior 

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O trem vem chegando! - Acerca da Transnordestina...

                                                                 Foto: Cortesia - Site Paraibaqui

     A ferrovia Transnordestina que liga os portos do Pecém (CE) e Suape (PE) ao cerrado piauiense, passará por Lavras da Mangabeira e Arrojado. Cerca de 25 km de desmatamento já foi executado no trecho que liga Missão Velha à terra de São Vicente Ferrer. 
    Em todo o estado do Ceará são cerca de 530 km de ferrovia divididos em três trechos: Missão Velha - Acopiara (que passa por Lavras); Piquet Carneiro - Quixadá; e Itapiúna - Porto do Pecém. Já foram liberados 210 km para a colocação dos trilhos em terras cearenses, mais de 1/3 de todo o trecho da ferrovia no Ceará.
     Para as desapropriações foi celebrado convênio entre Estado e união no valor de R$ 14.833.383,93, dos quais R$ 13.350.048,24 a serem liberados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e R$ 1.483.338,68 de contrapartida do Estado.
    A implantação da ferrovia prevê um investimento de R$ 6,5 bilhões. A sua construção permitirá a integração da estrutura produtiva do Nordeste com as demais regiões brasileiras a partir da união de três pontos do sistema ferroviário do Nordeste – Missão Velha (CE), Salgueiro (PE) e Petrolina (PE).
   Segundo estudos do Banco do Nordeste, quando a Transnordestina estiver operando (previsão para 2013) serão gerados cerca de 500 mil novos empregos para os nordestinos, em diversos segmentos. A ferrovia integrará o sistema hidroviário do Rio São Francisco, o sistema rodoviário sertanejo e o sistema ferroviário já existente, tornando mais eficiente a logística do transporte de cargas.
      As desapropriações das terras para a implementação da ferrovia avançam no Ceará, e atualmente a obra se encontra no distrito aurorense de Ingazeiras, devendo chegar ao território lavrense em novembro de 2011.
    Deveriam acontecer em Lavras audiências públicas com a finalidade de tratar do assunto, já que o mesmo já trouxe dor de cabeça pra muita gente. No Piauí, por exemplo, duas grandes queixas a respeito do assunto foram apresentadas em reuniões públicas: a invasão das pequenas propriedades pelos que demarcam o traço da ferrovia: sem explicações, esclarecimentos, respeito dos direitos dos legítimos donos e os baixos valores das indenizações. Citou-se o exemplo de um atingido que deve receber R$ 8,00 (oito reais).
     A problemática particular da ferrovia é que ela é completamente cercada, isto é: não deixa senão algumas poucas passagens de nível, com distâncias longas entre umas e outras. Muitos imóveis divididos desta maneira vão ficar na seguinte situação: O dono abre a porta da sua casa, olha para a sua roça no outro lado da ferrovia e deve caminhar entre 4 e 6 quilômetros por dia para trabalhar sua terra. Outros, pior ainda, tem a aguada para o consumo humano e animal também no outro lado da ferrovia. Eles têm de trazer a água para os pequenos rebanhos de caprinos, porcos, galinhas, e para as suas famílias nesse mesmo longo trajeto. Além disso: uma ferrovia procura os trechos planos e retos: portanto, pega os baixões com as melhores terras.
     A ferrovia, na verdade, não tira apenas uma faixa de terra que, aliás, não é tão estreita. Ela acaba com a viabilidade de explorar estas pequenas propriedades rurais. Ela não indeniza estes prejuízos, mas deixa os donos sem condições de sobreviver, ou seja, na miséria. 


Adaptado: Rádio Caiçara
www.pedefigueira.com.br

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Pequena contribuição sobre a passagem de Lampião por Lavras


     Assunto de importância histórica que não se mensura, as passagens de Lampião e seu bando por estas bandas não muito foram investigadas, e nos dias de hoje, não abundantemente se vêem historiadores escrevendo com este cunho. Nas vésperas da realização do Seminário Cariri Cangaço, que brilhantemente remonta as passagens do período lampiônico, pouco se sabe sobre as peripécias do cangaceiro mor e seus cúmplices por terras lavrenses. 
     Apesar da inexistência de comprovação histórica, mas vivamente cravada no imaginário popular de poucos resilientes, conta-se que exatamente no ano de 1927 existia uma contundente pretensão de Virgulino Ferreira da Silva e seu bando, arranchados momentaneamente no Tipi - Aurora, de invadir a próspera Lavras da Mangabeira. Diante do exposto, o neto de Fideralina, Raimundo Augusto de Lima, homem de muita disposição e abnegação diante de mutricas vindouras, juntamente com seu irmão, o também Coronel João Augusto (prefeito na época), resolveu atacar antes de ser atacado. 
     Fato contado ainda, e que se fez cômico pelo seu destrinche, foi que antes da junção das tropas, os dois grupos trocaram tiros ao pensar já ser o conluio invasor do rei do cangaço, que nas terras já estaria a acampar (Fazenda Ilinhado - hoje Santa Inês). Grita-se de um extremo um capanga comandado por Assis Viana do Cel. Raimundo Augusto: - Aqui são os homens de Raimundo Augusto! Do outro polo, enquanto um silêncio passageiro permanecia diante da fumaça que saia dos bacamartes, grita um comandado por Vicente Leandro: - E aqui, os cabras de João Augusto! Depois do intenso ricochetear, que atingira de raspão o braço de um dos homens de João Augusto, fizeram a procura por Lampião em meio à mata branca e seca, e saindo da Santa Inês e Água Azul, já não tão facilmente alcançariam a hábil quadrilha que já atravessava de volta a Serra do Bordão de Velho... 
     Dias depois dessa expulsão, na Serra do Mato, onde costumava-se esconder, o irmão de lampião cantava ao som de sanfona:

Lampião bem que eu te disse,
que deixasse de asneira.
Que passasse bem por longe
de Lavras da Mangabeira.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O "Lavrense do Século"



Neste próximo dia 28 (setembro de 2011) completa-se exatamente 46 anos da morte de um dos maiores contribuintes da educação deste país. Atendendo a pedido, Antônio FILGUEIRAS LIMA deixava a viúva Amazônia Braga de Filgueiras Lima e seus três filhos, Rui, Antônio e José para morar no céu. 
        Nascido em Lavras da Mangabeira em 1909, Filgueiras Lima foi um verdadeiro revolucionário da educação no estado do Ceará, sendo em seu tempo, uma personalidade marcante e amplamente conhecida. 
        Fulcrado nos ideais do movimento da escola nova, coloca a apedeuta no eixo do processo de ensino-aprendizagem, e abole práticas anacrônicas que ainda eram utilizadas na escola tradicional, como a palmatória, o castigo e o ditado que eram usados como instrumentos disciplinadores.
Sem forçar espaço ou perseguir notoriedade, conceituou-se como poeta e educador entre seus contemporâneos, sobretudo junto à juventude, sua área principal de atuação. 
      Ocupa com apenas 18 anos de idade as funções de "Inspetor Regional do Ensino", cargo em que se efetivou, por concurso, em 1931. Em 1932 funda a revista Educação Nova de que foi redator-chefe, depois transformada em órgão da antiga "Diretoria Geral da Instrução Pública do Ensino" no Ceará. Foi, em fevereiro desse mesmo ano, nomeado chefe do "Serviço de Estatística Educacional" daquela diretoria.
      Em dezembro de 1931, o livro Festa dos Ritmos obteve uma menção honrosa de poesia da ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS.
      Ocupa nos anos de 1931 e 1932 o cargo de "Diretor Geral da Instrução". Em dezembro de 1933, conquista através de concurso a cadeira de Didática da Escola Normal Pedro II, hoje Instituto de Educação. 
            Em fevereiro de 1938, funda juntamente com Paulo Sarasate o Instituto Lourenço Filho, hoje Colégio Lourenço Filho, onde foi diretor por mais de 25 anos e ensinou os métodos e técnicas da Pedagogia Funcional.
Em fevereiro de 1946 foi convidado pelo Ministro Pedro Firmeza a ocupar as funções de Secretário de Educação e Saúde do Estado do Ceará. Funda durante a sua administração 350 escolas, instalando gabinetes destinados para grupos escolares do interior, Delegacias Regionais do Ensino, reformando ainda o ensino normal e primário, em que cria a Diretoria de Fiscalização e Orientação de Ensino e promove várias campanhas educativas.
Ocupava na ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS a cadeira nº 21, fundada por Antônio Sales, a quem sucedeu, e de que é patrono José de Alencar.
Situa-se o pensamento pedagógico de Filgueiras Lima dentro do movimento escolanovista, salientando as influências de Decroly, Dewey e Lourenço Filho, mostrando como as idéias desses educadores poderiam ser colocadas em prática e adaptadas a realidade do Ceará
Fruto de uma terra que infelizmente ainda sufoca os seus intelectuais, "O Lavrense do Século" - como merecidamente poderia ser citado - foi um educador a frente de seu tempo e ainda hoje, a maioria de suas idéias não foi colocada em prática na educação brasileira, já que não se instalou de maneira preponderante uma escola que vise à formação do caráter em detrimento do acúmulo de conteúdos.

SÍMBOLO DO FIM

Hão de viver-me sempre, na memória,
este crepúsculo e esta despedida.
A beleza da tarde é merencória...
A luz do teu olhar é dolorida...

O sol, num instante último de glória,
beija as rosas vermelhas da avenida.
E morre, entre suspiros, esta história,
que era todo o esplendor da nossa vida!

Tua trêmula voz, dói-me escutá-la.
Na tarde passa uma andorinha leve,
sozinha e triste, pelo céu de opala.

- Adeus, adeus! respondes-me chorando.
Vai-se a felicidade, que foi breve,
como a andorinha que fugiu do bando...


Fonte: A contribuição de Filgueiras Lima para a Educação no Ceará. Monografia - Especialização em Administração Escolar - Universidade Vale do Acaraú - 2002.
Revista Agulha - Filgueiras Lima


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A falta de Vocação Ecoturístca da Região...

                                                        Vista panorâmica de Baixio - CE     

      Segundo a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), o Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem estar das populações envolvidas.
      Das diferenças existentes entre o turismo comum (clássico) e o ecoturismo (turismo ecológico) ressalta-se que enquanto no turismo clássico as pessoas apenas contemplam estatisticamente o que elas conseguem ver sem muita participação ativa, no ecoturismo existe movimento, ação e as pessoas, na busca de experiências únicas e exclusivas, caminham, carregam mochilas, suam, tomam chuva e sol, tendo um contato muito mais próximo com a natureza. O ecoturismo ainda se diferencia por passar informações e curiosidades relacionados com a natureza, os costumes e a história local o que acaba possibilitando uma integração mais educativa e envolvente com a região.
      O volume de recursos necessários para a implantação do ecoturismo varia conforme o tamanho do município, da área a ser utilizada e da disposição da administração e da população locais. A curto prazo pode ser feita a cobrança de ingressos em algumas atrações turísticas. Nesse caso, podem ser aplicadas tarifas diferenciadas para turistas estrangeiros, e para as diferentes atividades a serem desenvolvidas nos locais (esportiva, científica, etc.). Isto exigiria a adaptação dos serviços de promoção do turismo (hotéis, agências, restaurantes, atividades esportivas e culturais) a uma gama de turistas bastante heterogênea economicamente.

Trilha na caatinga no município de Picuí - PB (exemplo de exploração ecoturística local)

      Embora todo município possua condições de implementar sozinho algum tipo de atividade turística, algumas questões correlacionadas não podem ser resolvidas unicamente na esfera municipal.
      Alguns municípios possuem atrações turísticas, mas não a infra-estrutura necessária para o turismo. Por isto é importante atentar para o enfoque regional dos problemas: municípios vizinhos, sem atrações turísticas, podem ter a infra-estrutura necessária para permitir esta atividade.
      Inserida totalmente em área de caatinga, a Mesoregião do Centro-Sul cearense engloba 14 municípios divididos em 3 microregiões (Iguatu, Lavras da Mangabeira e Várzea Alegre).        
      Vários são os atrativos ecoturísticos que poderiam ser explorados, todavia essa exploração não é evidenciada principalmente pelo "não despertar" dos órgãos competentes para a inserção e ampliação do setor na região.
      De forma isolada, o turismo da mesoregião Centro-Sul do estado ainda teima em querer respirar, mas sem o oxigênio necessário ao seu desenvolvimento.
      Opções não faltam: Trilhas na rica área de caatinga arbustivo-arbórea preservada em Cedro, excursões à Serra das Pombas em Baixio e Serra do Padre em Icó com seus 700 m de altitude, mergulhos nos açudes do Trussu em Iguatu e Orós, visita ao Boqueirão de Lavras da Mangabeira e sua caverna quase que desconhecida, além de várias outras ofertas da natureza ainda não exploradas.

Vista aérea do açude do Trussu em Iguatu - CE

                                    Aspecto da Serra do Padre em Icó - CE (Divisa CE/PB)

       Os municípios brasileiros, em sua maioria, possuem atrativos para se tornarem pólos ecoturísticos. Mas além da disposição do município em implantar o ecoturismo, a existência de serviços e infra-estrutura (hotéis, pousadas, estradas, telefone, etc.) é uma pré-condição a ser observada.
       A visível falta de vocação da região para o ecoturismo não pode portanto ser anarquizada. É retrato de políticas antigas colocadas ainda em prática. É fruto de inobservâncias e falta de visão futurística, de planejamento organizacional, de investimento e confiança no setor privado. Falta capacitação, elucidação, visão ampla e antes de tudo: boa vontade dos gestores dessa área, uma das que mais cresce no Brasil e no planeta.