quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O "Lavrense do Século"



Neste próximo dia 28 (setembro de 2011) completa-se exatamente 46 anos da morte de um dos maiores contribuintes da educação deste país. Atendendo a pedido, Antônio FILGUEIRAS LIMA deixava a viúva Amazônia Braga de Filgueiras Lima e seus três filhos, Rui, Antônio e José para morar no céu. 
        Nascido em Lavras da Mangabeira em 1909, Filgueiras Lima foi um verdadeiro revolucionário da educação no estado do Ceará, sendo em seu tempo, uma personalidade marcante e amplamente conhecida. 
        Fulcrado nos ideais do movimento da escola nova, coloca a apedeuta no eixo do processo de ensino-aprendizagem, e abole práticas anacrônicas que ainda eram utilizadas na escola tradicional, como a palmatória, o castigo e o ditado que eram usados como instrumentos disciplinadores.
Sem forçar espaço ou perseguir notoriedade, conceituou-se como poeta e educador entre seus contemporâneos, sobretudo junto à juventude, sua área principal de atuação. 
      Ocupa com apenas 18 anos de idade as funções de "Inspetor Regional do Ensino", cargo em que se efetivou, por concurso, em 1931. Em 1932 funda a revista Educação Nova de que foi redator-chefe, depois transformada em órgão da antiga "Diretoria Geral da Instrução Pública do Ensino" no Ceará. Foi, em fevereiro desse mesmo ano, nomeado chefe do "Serviço de Estatística Educacional" daquela diretoria.
      Em dezembro de 1931, o livro Festa dos Ritmos obteve uma menção honrosa de poesia da ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS.
      Ocupa nos anos de 1931 e 1932 o cargo de "Diretor Geral da Instrução". Em dezembro de 1933, conquista através de concurso a cadeira de Didática da Escola Normal Pedro II, hoje Instituto de Educação. 
            Em fevereiro de 1938, funda juntamente com Paulo Sarasate o Instituto Lourenço Filho, hoje Colégio Lourenço Filho, onde foi diretor por mais de 25 anos e ensinou os métodos e técnicas da Pedagogia Funcional.
Em fevereiro de 1946 foi convidado pelo Ministro Pedro Firmeza a ocupar as funções de Secretário de Educação e Saúde do Estado do Ceará. Funda durante a sua administração 350 escolas, instalando gabinetes destinados para grupos escolares do interior, Delegacias Regionais do Ensino, reformando ainda o ensino normal e primário, em que cria a Diretoria de Fiscalização e Orientação de Ensino e promove várias campanhas educativas.
Ocupava na ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS a cadeira nº 21, fundada por Antônio Sales, a quem sucedeu, e de que é patrono José de Alencar.
Situa-se o pensamento pedagógico de Filgueiras Lima dentro do movimento escolanovista, salientando as influências de Decroly, Dewey e Lourenço Filho, mostrando como as idéias desses educadores poderiam ser colocadas em prática e adaptadas a realidade do Ceará
Fruto de uma terra que infelizmente ainda sufoca os seus intelectuais, "O Lavrense do Século" - como merecidamente poderia ser citado - foi um educador a frente de seu tempo e ainda hoje, a maioria de suas idéias não foi colocada em prática na educação brasileira, já que não se instalou de maneira preponderante uma escola que vise à formação do caráter em detrimento do acúmulo de conteúdos.

SÍMBOLO DO FIM

Hão de viver-me sempre, na memória,
este crepúsculo e esta despedida.
A beleza da tarde é merencória...
A luz do teu olhar é dolorida...

O sol, num instante último de glória,
beija as rosas vermelhas da avenida.
E morre, entre suspiros, esta história,
que era todo o esplendor da nossa vida!

Tua trêmula voz, dói-me escutá-la.
Na tarde passa uma andorinha leve,
sozinha e triste, pelo céu de opala.

- Adeus, adeus! respondes-me chorando.
Vai-se a felicidade, que foi breve,
como a andorinha que fugiu do bando...


Fonte: A contribuição de Filgueiras Lima para a Educação no Ceará. Monografia - Especialização em Administração Escolar - Universidade Vale do Acaraú - 2002.
Revista Agulha - Filgueiras Lima


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