terça-feira, 20 de setembro de 2011

De Verdeixa a Padre Evaldo - 198 anos da Paróquia de Lavras

                                                     Foto: Cortesia - Site da paróquia São Vicente Ferrer

     A igreja católica sempre teve um papel preponderante na criação dos centros urbanos no Brasil e no mundo. As comunas alicerçavam-se esfericamente diante das capelas que eram erguidas por devoções de latifundiários a seus padroeiros como ato de agradecimento, ou homenagens póstumas. Em Lavras da Mangabeira a nucleação sócio-religiosa aconteceu de forma diferente.
     Como conta Dimas Macêdo, Lavras é a única cidade do Ceará a surgir sem a influência da edificação sacra, e sim, primeiramente pela cobiça dos aventureiros e posterior fixação da sede da Capitania em suas cercanias (1752-1754), evoluindo tão somente, depois de certo tempo, em termos político-administrativos.
       Criada como Freguesia de São Vicente Ferrer de Lavras em 1813, sendo que já em 1768 existia a capela com mesmo nome construída pela Pe. Joaquim de Figueiredo Arnaud, capelão do povoado de São Vicente, a Igreja Matriz de São Vicente Ferrer de Lavras da Mangabeira, que em 2011 comemora 198 anos, é ainda a principal edificação do município com suas torres imponentes e arquitetura indiscutivelmente ímpar.   



      A paróquia teve como primeiro vigário (na freguesia), o Pe. Joaquim José Xavier Sobreira e desde então, 34 outros sacerdotes assumiram. Dentre eles, figuras de importância social, cultural, econômica e histórica não só de Lavras, mas de todo o Ceará cravaram seus nomes por fazerem transcorrer no tempo, ações que os esmereceram. 
     Quando passou a ser oficialmente cidade, em 1884, a paróquia de Lavras era regida pelo Pe. Meceno Clodoaldo Linhares, (MONSENHOR MECENO) que tomara posse em 1875 e que, durante 49 anos, conduziu brilhantemente a missão, conservando-se pelo enorme respeito de seus paroquianos, sendo também deputado provincial por quatro biênios.
    Homem virtuoso, o Padre ALZIR SAMPAIO foi outro grande nome que honrou o compromisso sacerdotal. Representou a paróquia por 33 anos (1938 - 1971) com intensa dedicação, sendo conhecido por sua austeridade e respeito aos dogmas da igreja e da missão evangelizadora.
     Conhecido por "Canoa Doida", Alexandre Francisco Cerbelon Verdeixa (PADRE VERDEIXA) foi um legendário vigário em Lavras de 1830 a 1831. Trata-se de uma figura fantástica na História do Ceará, atuando mais na imprensa que no clero. Fundou jornais, combateu poderosos, foi perseguido, tendo que sempre fugir da polícia, transformando-se por isso mesmo numa figura mitológica.
     Na verdade tudo o que se relata sobre o Padre Verdeixa beira o inusitado, o jocoso e o surreal. Era já um ecologista em seu tempo, sendo deputado por dois biênios, onde deixava claro em seus discursos e escritas as indignações com o desmatamento existente já com tanta amplitude, além de enfatizar com veemência a aversão por seus adversários políticos.
     Foi citado pelo Barão de Studart que escreve sobre a Biografia de uma figura original: (...) "deixou em sua meninice e juventude provas de completo desequilíbrio mental, que a idade não modificou para melhor nem os desenganos e desgostos a que deu origem sua vida de desregramentos e de lutas contra todos e contra tudo. Ordenaco padre no Seminário de Olinda, foi vigário em Lavras da Mangabeira em 1831. E, um ano mais tarde, de Cantagalo, no Rio de Janeiro, quando fugitivo do Ceará..." 
     O Padre que batizou Fideralina, era segundo Raquel de Queiroz, mestre em ações indecorosas, e fazia propostas imorais às noivas dos casamentos que celebrava. Conta-se que o cura, após abençoar um casamento, dirigiu-se à residência do pai da noiva na zona rural de Lavras, para da festa participar, tomando parte também, e a paisana, no sarau dançante. Bailando e rodopiando com a noiva, dava-lhe fortes umbigadas. O noivo e outros convidados expulsaram-no do recinto a pauladas. (Extraído do Livro "São Vicente das Lavras"  de Joaryvar Macêdo)
     Em meio a tantas confusões de outrora, a Igreja de São Vicente Ferrer é hoje portanto, sinônimo de altivez. Capitaneada pelo aurorense Pe. Benedito Evaldo Alves (PADRE EVALDO), que desde junho de 2001 norteia a comunidade desta terra para os princípios cristãos da caridade, e do amor ao próximo, sendo sempre benevolente em sua missão de guiar suas ovelhas, a paróquia se prepara para o jubileu de 200 anos de sua criação (30/08/1813 - 30/08/2013). Sempre engajada no fortalecimento dos ideais cristãos, a paróquia estende-se para fora de seus portões e leva aos homens a palavra de Deus a partir de grupos como o ECC, EJC e Pastorais espalhadas pelos bairros da cidade. 


                                      Símbolo comemorativo do Jubileu da Paróquia de São Vicente Ferrer

     Extremamente ético, Padre Evaldo é exemplo de seriedade, respeito, senso crítico, disciplina e é dono de um amor ao oficio sacerdotal que toma proporção equiparada à grandeza histórica da própria paróquia que o guarda como um de seus maiores bem feitores.  


Por: João Tavares Calixto Júnior 

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