segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O trem vem chegando! - Acerca da Transnordestina...

                                                                 Foto: Cortesia - Site Paraibaqui

     A ferrovia Transnordestina que liga os portos do Pecém (CE) e Suape (PE) ao cerrado piauiense, passará por Lavras da Mangabeira e Arrojado. Cerca de 25 km de desmatamento já foi executado no trecho que liga Missão Velha à terra de São Vicente Ferrer. 
    Em todo o estado do Ceará são cerca de 530 km de ferrovia divididos em três trechos: Missão Velha - Acopiara (que passa por Lavras); Piquet Carneiro - Quixadá; e Itapiúna - Porto do Pecém. Já foram liberados 210 km para a colocação dos trilhos em terras cearenses, mais de 1/3 de todo o trecho da ferrovia no Ceará.
     Para as desapropriações foi celebrado convênio entre Estado e união no valor de R$ 14.833.383,93, dos quais R$ 13.350.048,24 a serem liberados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e R$ 1.483.338,68 de contrapartida do Estado.
    A implantação da ferrovia prevê um investimento de R$ 6,5 bilhões. A sua construção permitirá a integração da estrutura produtiva do Nordeste com as demais regiões brasileiras a partir da união de três pontos do sistema ferroviário do Nordeste – Missão Velha (CE), Salgueiro (PE) e Petrolina (PE).
   Segundo estudos do Banco do Nordeste, quando a Transnordestina estiver operando (previsão para 2013) serão gerados cerca de 500 mil novos empregos para os nordestinos, em diversos segmentos. A ferrovia integrará o sistema hidroviário do Rio São Francisco, o sistema rodoviário sertanejo e o sistema ferroviário já existente, tornando mais eficiente a logística do transporte de cargas.
      As desapropriações das terras para a implementação da ferrovia avançam no Ceará, e atualmente a obra se encontra no distrito aurorense de Ingazeiras, devendo chegar ao território lavrense em novembro de 2011.
    Deveriam acontecer em Lavras audiências públicas com a finalidade de tratar do assunto, já que o mesmo já trouxe dor de cabeça pra muita gente. No Piauí, por exemplo, duas grandes queixas a respeito do assunto foram apresentadas em reuniões públicas: a invasão das pequenas propriedades pelos que demarcam o traço da ferrovia: sem explicações, esclarecimentos, respeito dos direitos dos legítimos donos e os baixos valores das indenizações. Citou-se o exemplo de um atingido que deve receber R$ 8,00 (oito reais).
     A problemática particular da ferrovia é que ela é completamente cercada, isto é: não deixa senão algumas poucas passagens de nível, com distâncias longas entre umas e outras. Muitos imóveis divididos desta maneira vão ficar na seguinte situação: O dono abre a porta da sua casa, olha para a sua roça no outro lado da ferrovia e deve caminhar entre 4 e 6 quilômetros por dia para trabalhar sua terra. Outros, pior ainda, tem a aguada para o consumo humano e animal também no outro lado da ferrovia. Eles têm de trazer a água para os pequenos rebanhos de caprinos, porcos, galinhas, e para as suas famílias nesse mesmo longo trajeto. Além disso: uma ferrovia procura os trechos planos e retos: portanto, pega os baixões com as melhores terras.
     A ferrovia, na verdade, não tira apenas uma faixa de terra que, aliás, não é tão estreita. Ela acaba com a viabilidade de explorar estas pequenas propriedades rurais. Ela não indeniza estes prejuízos, mas deixa os donos sem condições de sobreviver, ou seja, na miséria. 


Adaptado: Rádio Caiçara
www.pedefigueira.com.br

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