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Era 1963 o ano. O dia, 8 de
março. Juntamente aos embaixadores brasileiros Roberto Campos e Lincoln Gordon,
acompanhava um aurorense, o diálogo entre o então governador cearense, Virgílio
Távora e o presidente americano JOHN Fitzgerald KENNEDY.
À Casa Branca, chegaram os
citados às 11:30 hs da manhã, e após pequena espera, nas ante-salas
presidenciais, abriu ele mesmo, o mandatário americano, a porta de seu
gabiente, declarando convenientemente ao visitante: "Governador, é um prazer vê-lo e
recebê-lo neste país".
Durou trinta e dois minutos o
colóquio, e viu-se, a inquietação do poderoso americano com o problema das
secas no Nordeste do Brasil.
Essa preocupação já havia sido
evidenciada, aliás, com a criação da "Aliança para o Progresso",
cujos objetivos fundamentais estavam inteiramente de acordo com as necessidades
desta região brasileira, à época, desvelada por estar envolvida e dominada por
um subdesenvolvimento aparentemente crônico, com raízes demasiado complexas para
uma análise rápida.
Fez-se breve, portanto, a
conversação entre o governador e o presidente assassinado em Dallas,
testemunhada pelos embaixadores preditos, assim como, tomada nota pelo
jornalista, cearense de Aurora:
Kennedy - Qual a posição do movimento comunista no Brasil?
Távora - Deturpa-me muito, aqui nos Estados Unidos, a realidade
brasileira. A suposição americana é a de que nosso país está entregue ao
comunismo; isso é irreal.
Kennedy - Fidel Castro é estimado entre os camponeses brasileiros? Por
que sua ascenção influiu tanto no aumento de poder das esquerdas?
Távora - Presidente, não sou diplomata, mas sim militar, portanto,
desculpe a franqueza: o meu respeito à verdade me obriga a dizer que Fidel é
estimado sim, e não pouco.
A palestra, franca, transcorreu
aparentemente cordial, com o presidente norte-americando sempre procurando
sentir os problemas principais do Brasil. Depois de feita a pergunta sobre
Fidel, indaga o presidente sobreos efeitos do auxílio americano no país:
Távora - Embora as intenções sejam boas, acredito que somente depois de
uma reformulação de métodos poderá produzir melhores efeitos.
Em seguida, sobre os
entendimentos mantidos nos EUA para obtenção de ajuda ao Ceará, afirmou o
governador que as conversações foram as mais primorosas, mas quanto aos
resultados: "ainda vamos ver"...
Sobre o aurorense, jornalista
acompanhante do governador cearense, célebre em sua época por seus tentos
profissionais investidos de insigne respaudo nacional, sublinha-se aqui,
conteúdo digno de nota, transcrito parcialmente de obra em elaboração intitulada: "No
Orbe do Salgado - Esboço Histórico-Científico", de autor idem destas
linhas:
1927 (12 de julho) – Aurora:
Nascimento de HERMENEGILDO DE SÁ CAVALCANTE (*), filho de João de Sá Cavalcante
(funcionário do Tesouro - Coletor Estadual) e Raimunda Rabelo de Sá.
Segundo consta no livro de batizados
da paróquia do Senhor Menino Deus, de Aurora (Livro 13, 1927-1930), recebeu as
bênçãos batismais aos 11 dias do mês de setembro de 1927 na igreja paroquial de
Aurora, Bispado do Crato, pelo padre missão-velhense Francisco de Assis Pitta (fundador em 1º de março de 1927, do Ginásio do Crato, depois, Colégio Diocesano),
sendo padrinhos o mesmo padre Pitta e sua irmã, Suzette Pitta, tendo sido
lavrado o termo e assinado pelo vigário local, o padre Vicente Augusto Bezerra
(depois, Monsenhor Vicente Bezerra).
Bacharelou-se pela Faculdade de
Direito do Ceará, na turma do “cinquentenário”, aos 8 de dezembro de 1953. Foi
jornalista e diretor, juntamente a Dorian Sampaio, do semanário “Ceará Jornal”,
do Partido Social Democrático (PSD), tendo o seu primeiro número circulado na
terceira semana de agosto de 1956. Foi secretário do Escritório Comercial do
Brasil em Paris, onde se aprofundou no estudo da obra de Marcel Proust, sobre
quem proferiu importante palestra no Museu ao dedicado ao mesmo em
Illiers-Combray. Foi vice-presidente da Societé International des Amis de
Proust e eepresentante do Governo do Ceará no Rio de Janeiro. Foi romancista e
ensaísta e publicou: Considerações sobre o Humanismo Integral de Jacques
Maritain (Fortaleza, 1953); Três aspectos da Filosofia Platônica (Fortaleza,
1954); Análise da Obra de William Somerset Maughan (Rio de Janeiro, 1957);
Estudo sobre a vida e a mensagem de Graham Greene (Paris, 1959); Quem foi e o
que fez Marcel Proust (Rio de Janeiro, 1964); Proust e o Brasil (Rio de
Janeiro, 1964); A Glória de Cada Um (Rio de Janeiro, 1970); Marcel Proust -
Roteiro Crítico e Sentimental (Rio de Janeiro, 1972); A Solidão em Kafka,
Hemingway, Macculers, Bradbury, Jorge L. Borges (Rio de Janeiro, 1974); Teilard
de Chardin e São Paulo (Rio de Janeiro, 1975) e Estranhos em Aurora
(1978).
Recebeu no dia 1º de agosto de
1977, o título de cidadão fortalezense, outorgado pela Câmara Municipal.
Em 10 de dezembro de 1998, foi
inaugurada na casa Ari de Sá Cavalcante, na rua Senador Pompeu, nº 2245, na
capital cearense, a biblioteca de Hermenegildo, com cerca de cinco mil volumes,
os quais cerca de 800 dedicados à obra de Marcel Proust.
Obteve os últimos suspiros na
capital paulista, em 11 de outubro de 1995.
Por: João Tavares Calixto Júnior
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