segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Alguma Coisa sobre o "Bravo Caririense" em Terras d'Aurora-Lavras.

Por: João Tavares Calixto Júnior.


(*) Joaquim Vasques Landim (Quinco Vasques)

      
     Em depoimento realizado aos 13 de julho de 1910 ao Juiz Alfredo de Oliveira, em Lavras, afirmava Joaquim Vasques Landim, o famigerado Quinco Vasques (o Bravo Caririense), terem sido alguns aurorenses, os mandantes da tentativa de deposição ao Coronel Gustavo Augusto Lima, de Lavras, um dos mais importantes régulos do período coronelístico nordestino, filho da matrona Fideralina Augusto Lima. Ocorreu este cerco aos 6 de abril de 1910, com a invasão de cerca de 300 cangaceiros a fim de atear-lhe do poder lavrense.
     Sobre Quinco Vasques, tratava-se de homem de descomunal bravura, natural do sítio Santa Teresa, Missão Velha, e residente, então, na Serra de São Pedro, sítio Bico de Arara, atual município de Caririaçu. Viveu ainda em Aurora, no sítio Tipi, onde foi vaqueiro do casal Marica Macêdo e Cazuzinha, de quem era primo legítimo. Alguns de seus filhos, da união com Maria da Luz de Jesus (Marica), foram nascidos no sítio Tipi, a saber: Antônio Joaquim Vasques Landim, nascido aos 6 de setembro de 1898, e Joanna Vasques Landim, nascida aos 22 de maio de 1900. Justifiquemos:
“Aos cinco de agosto de mil e novecentos, na matriz de Aurora, batizei solenemente a Joanna, nascida aos vinte e dois de maio deste ano, filha legítima de Joaquim Vasques Landim e Maria da Luz de Jesus, naturais de Missão Velha. Foram padrinhos José Antônio de Macêdo e Joanna de Jesus Landim, casados. E para constar mandei fazer este termo que assino. Pe Augusto Barbosa de Menezes” (Livro de Registro de Batismos da Paróquia do Menino Deus de Aurora, 1897-1904, p. 112).
     Do auto de perguntas, informava o réu terem sido Manoel Gonçalves Ferreira, Antônio Leite Teixeira Netto e Davi Saburá, os aurorenses mandantes do assalto ao coronel Gustavo Augusto de Lavras: “Antônio Leite concorreu com um conto de réis em dinheiro que lhe foi entregue por Joaquim Torquato, Manoel Gonçalves Ferreira concorreu com duas cargas de balas de rifles, entregues pelo mesmo Joaquim Torquato e Davi Saburá concorreu com um conto de réis em dinheiro, também entregue por Joaquim Torquato”. Interrogou ainda o magistrado, objetivando inteirar-se quanto ao maior número possível de suspeitos de participação no complô para a derrubada do coronel Gustavo, um dos mandantes do ataque a Aurora em 1908, aos seguintes: coronéis José Francisco Alves Teixeira e Antônio Luis Alves Pequeno, do Crato, o doutor João Augusto Bezerra, clínico de Lavras, assim como o seu irmão, o padre Vicente Augusto Bezerra, vigário em Aurora e o também padre, o aurorense José Gonçalves Ferreira, Vigário em Várzea Alegre.
     Indagado, ainda, Quinco Vasques, sobre a interferência de outros suspeitos no ataque ao coronel Gustavo, acrescenta nos laudos do interrogatório, o que segue: “(...) além desses mandantes o influenciaram mais para este ataque, Joaquim Torquato, José Torquato, Simplício Torquato, os filhos de Antônio Leite, Isaías e João, assim como quase todos os deportados de Aurora (...)”. Sobre o objetivo do ataque, informou: “era depor o coronel Gustavo e tomarem depois conta da cidade, a fim de melhor ser facilitada a retomada de Aurora, da qual seria novamente chefe, Antônio Leite (...)”.
     No entanto, pouco se demorou Quinco Vasques em Lavras após ter sido preso e prestado depoimento. Mal tomaram conhecimento de sua estada ali, mandões caririenses, entre eles, Domingos Furtado e Antônio Santana, providenciaram-lhe a soltura. (MACÊDO, Joaryvar. Um Bravo Caririense. Crato, 1964, p. 58).


Fonte: 
CALIXTO JÚNIOR, João Tavares. Venda Grande d'Aurora. Expressão Gráfica, Fortaleza. 2012. p. 171-173.
MACÊDO, Joaryvar. Um Bravo Caririense. Revista Itaytera, Crato, 1964, p. 58.
(*) Acervo Família Vasques Landim do Cariri.



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