quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Padre José Gonçalves Ferreira - Uma Nota Prévia.

Por. João Tavares Calixto Júnior.

Padre José Gonçalves Ferreira (*)

     Há exatamente 109 anos (2 de fevereiro de 1904), assumia como Vigário da Paróquia de São Raimundo de Várzea Alegre, o Padre aurorense José Gonçalves Ferreira. 
     Nasceu no sítio Jitirana aos 28 de março de 1876, batizando-lhe o Pe. Meceno Clodoaldo Linhares na Capela da Venda aos 23 de abril do mesmo ano. Foram seus padrinhos Antônio de Jesus Ferreira e Josepha Maria Leite (Livro de Registro de Batismos da Paróquia de São Vicente Ferrer de Lavras, 1876-1877, p.17). 
     Era o terceiro filho de um total de dez do primeiro casamento de Joaquim Gonçalves Ferreira, ou Joaquim Miguel (filho de Antônio de Jesus Ferreira e Joana Batista de Jesus), com Cordulina Maria Leite (filha de Barnabé Leite Teixeira e Maria Joaquina do Amor Divino) . Era, ainda, irmão de Dom Alberto (José Leão Gonçalves), monge beneditino do Rio de Janeiro, religioso nascido do segundo casamento de seu pai (com Vitória Gonçalves Ferreira).
     Foi aluno da quarta fase do Seminário Episcopal do Crato, recebendo a Ordem do Presbiterato no Seminário da Prainha em Fortaleza aos 30 de novembro de 1902. Foi Vigário em Trairi de 25 de fevereiro de 1903 a janeiro de 1904, de onde saiu aos 3 de janeiro para assumir a Paróquia de São Raimundo Nonato de Várzea Alegre, CE, onde se demorou até a data de seu falecimento (3 de novembro de 1917).
     Foi sepultado no Cemitério de Várzea Alegre, embora seus restos tenham sido transladados ao Cemitério de sua terra natal, depois de ter atentado contra a própria vida, cometendo suicídio por enforcamento, vítima de calúnia perpetrada por dois indivíduos varzealegrenses.



Adaptado de: Venda Grande d'Aurora. CALIXTO JÚNIOR, João Tavares. Expressão Gráfica e Editora. Fortaleza, 2012, 300p.
(*) Foto do Álbum Histórico do Cinquentenário do Seminário Episcopal do Crato (1875-1925)


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Alguma Coisa sobre o "Bravo Caririense" em Terras d'Aurora-Lavras.

Por: João Tavares Calixto Júnior.


(*) Joaquim Vasques Landim (Quinco Vasques)

      
     Em depoimento realizado aos 13 de julho de 1910 ao Juiz Alfredo de Oliveira, em Lavras, afirmava Joaquim Vasques Landim, o famigerado Quinco Vasques (o Bravo Caririense), terem sido alguns aurorenses, os mandantes da tentativa de deposição ao Coronel Gustavo Augusto Lima, de Lavras, um dos mais importantes régulos do período coronelístico nordestino, filho da matrona Fideralina Augusto Lima. Ocorreu este cerco aos 6 de abril de 1910, com a invasão de cerca de 300 cangaceiros a fim de atear-lhe do poder lavrense.
     Sobre Quinco Vasques, tratava-se de homem de descomunal bravura, natural do sítio Santa Teresa, Missão Velha, e residente, então, na Serra de São Pedro, sítio Bico de Arara, atual município de Caririaçu. Viveu ainda em Aurora, no sítio Tipi, onde foi vaqueiro do casal Marica Macêdo e Cazuzinha, de quem era primo legítimo. Alguns de seus filhos, da união com Maria da Luz de Jesus (Marica), foram nascidos no sítio Tipi, a saber: Antônio Joaquim Vasques Landim, nascido aos 6 de setembro de 1898, e Joanna Vasques Landim, nascida aos 22 de maio de 1900. Justifiquemos:
“Aos cinco de agosto de mil e novecentos, na matriz de Aurora, batizei solenemente a Joanna, nascida aos vinte e dois de maio deste ano, filha legítima de Joaquim Vasques Landim e Maria da Luz de Jesus, naturais de Missão Velha. Foram padrinhos José Antônio de Macêdo e Joanna de Jesus Landim, casados. E para constar mandei fazer este termo que assino. Pe Augusto Barbosa de Menezes” (Livro de Registro de Batismos da Paróquia do Menino Deus de Aurora, 1897-1904, p. 112).
     Do auto de perguntas, informava o réu terem sido Manoel Gonçalves Ferreira, Antônio Leite Teixeira Netto e Davi Saburá, os aurorenses mandantes do assalto ao coronel Gustavo Augusto de Lavras: “Antônio Leite concorreu com um conto de réis em dinheiro que lhe foi entregue por Joaquim Torquato, Manoel Gonçalves Ferreira concorreu com duas cargas de balas de rifles, entregues pelo mesmo Joaquim Torquato e Davi Saburá concorreu com um conto de réis em dinheiro, também entregue por Joaquim Torquato”. Interrogou ainda o magistrado, objetivando inteirar-se quanto ao maior número possível de suspeitos de participação no complô para a derrubada do coronel Gustavo, um dos mandantes do ataque a Aurora em 1908, aos seguintes: coronéis José Francisco Alves Teixeira e Antônio Luis Alves Pequeno, do Crato, o doutor João Augusto Bezerra, clínico de Lavras, assim como o seu irmão, o padre Vicente Augusto Bezerra, vigário em Aurora e o também padre, o aurorense José Gonçalves Ferreira, Vigário em Várzea Alegre.
     Indagado, ainda, Quinco Vasques, sobre a interferência de outros suspeitos no ataque ao coronel Gustavo, acrescenta nos laudos do interrogatório, o que segue: “(...) além desses mandantes o influenciaram mais para este ataque, Joaquim Torquato, José Torquato, Simplício Torquato, os filhos de Antônio Leite, Isaías e João, assim como quase todos os deportados de Aurora (...)”. Sobre o objetivo do ataque, informou: “era depor o coronel Gustavo e tomarem depois conta da cidade, a fim de melhor ser facilitada a retomada de Aurora, da qual seria novamente chefe, Antônio Leite (...)”.
     No entanto, pouco se demorou Quinco Vasques em Lavras após ter sido preso e prestado depoimento. Mal tomaram conhecimento de sua estada ali, mandões caririenses, entre eles, Domingos Furtado e Antônio Santana, providenciaram-lhe a soltura. (MACÊDO, Joaryvar. Um Bravo Caririense. Crato, 1964, p. 58).


Fonte: 
CALIXTO JÚNIOR, João Tavares. Venda Grande d'Aurora. Expressão Gráfica, Fortaleza. 2012. p. 171-173.
MACÊDO, Joaryvar. Um Bravo Caririense. Revista Itaytera, Crato, 1964, p. 58.
(*) Acervo Família Vasques Landim do Cariri.



sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Centenário de Falecimento de Antônio Leite Teixeira Netto (Coronel Totonho do Monte Alegre)

Por: João Tavares Calixto Júnior.



        Neste ano de 2013 anota-se a passagem do centenário de morte de uma das figuras mais atuantes da historiografia aurorense, e por que não dizer, do cenário coronelístico nordestino. Antônio Leite Teixeira Netto, o Coronel Totonho Leite, ou ainda, Coronel Totonho do Monte Alegre, como era mais lembrado. Tornou-se amplamente, por enroupar-se com as características inerentes ao coronel de baraço e cutelo, famigerado. Entendido por besta, as vezes bestial, serviu de referência por muito tempo ao mundo pretensioso do coronelismo, onde sua figura era temida ou venerada e sua palavra era lei.
     Assumiu pela primeira vez o posto de Subdelegado de Polícia do pequeno Distrito da Venda da Vila das Lavras, à época, a principal autoridade policial do lugarejo, aos 12 de junho de 1883, tendo sido exonerado aos 5 de novembro de 1884, sendo substituído por Ernesto Teixeira Rabello.  
     Foi nomeado pelo Governador Benjamim Liberto Barroso ao cargo de Intendente Municipal da Vila d'Aurora após a exoneração de João Francisco Leite, ocorrida em 1º de março de 1891. Permaneceu por dois anos a frente do Conselho de Intendência Municipal da Vila d'Aurora, entidade ao qual participou como membro fundador, juntamente a João Francisco Leite, Antônio Francisco Carneiro Monteiro, Firmino Bezerra de Medeiros e José Antônio de Carvalho, em 1890, co-elaborando a primeira Lei Orgânica do Município no mesmo ano de 1890.
     Toma posse novamente em 11 de junho de 1907 ao cargo de Intendente, nomeado pelo Presidente do Estado no dia 5 do mesmo mês e ano. Por ter apeado do poder o seu sobrinho e também coletor em Aurora, Antônio Leite de Oliveira, discorreram sobre ele, como resultado de vingança e perseguições políticas, um dos mais tétricos causos desta página penumbrosa da história de Aurora e do Nordeste brasileiro, que à época, declinava-se ao amargo dissabor das questões resolvidas ao relampejante pestanejar das lâminas do punhal e da estampida e fumacenta alçada do bacamarte. Sobre o desfecho da deposição, acrescentamos o que disserta Joaryvar Macêdo em Império do Bacamarte (Fortaleza, 1990, p. 96):
“Abrindo campanha contra o sobrinho, o chefe de Aurora passou a convocar grupos familiares, aliás, de modo geral, muito entrelaçados ali, no sentido de aderirem a ele, em seu desiderato. Os que se recusaram a compartilhar do conluio, pela circunstância de serem amigos, correligionários ou ligados por laços de parentesco a Antônio Leite de Oliveira, acabariam vítimas de acerbas perseguições. Entre estas, estavam os Paulinos, que foram espancados sob o comando de um elemento do coronel Totonho, de nome José Gonçalves Pescoço. Posteriormente, revidariam a agressão. Por isso, houve um ataque ao sítio Pavão, de propriedade do coronel Cândido Ribeiro Campos, vulgo Cândido do Pavão, tio dos sobreditos Paulinos, aos quais o cacique aurorense pretendia capturar. O coronel Domingos Furtado veio, então, em auxílio do coronel Cândido, que transferiu os sobrinhos para o Taveira, como já se sabe, nos limites de Aurora com Milagres. Lá, o chefe local, o mencionado coronel Domingos Furtado, os garantiria”.
     Estando protegidos no Taveira os Paulinos, enviou o coronel Totonho ao Governador do Ceará, Nogueira Acióli, pedido de força, que fosse suficiente para prendê-los no lugar. Da mesma forma, o chefe de Milagres coronel Domingos Furtado, não mediu esforços para providenciar-lhes a defesa. Outro, este, motivo cabal para desenvolver-se o famoso cerco ao sítio, conhecido por fogo do Taveira. Neste ambiente político tumultuado de Aurora, à época, foram vitimados, à semelhança dos Paulinos, os Macêdos do Tipi. Ainda sem forte inserção na virulenta cloaca da politicalha do município, a família mentoreada por Marica Macêdo (nesta época já casada em segundas núpcias com Antônio Abel de Araújo), sofreu também represália por parte do citado coronel Antônio Leite Teixeira Neto. Eram muito estreitos, entretanto, os laços de familiaridade entre os citados. Referimo-nos que a esposa do coronel Totonho (Ana Isabel de Macêdo ou Naninha) era sobrinha do primeiro esposo de Marica Macêdo (Cazuzinha), e deste casal, viu-se uma filha (Joana da Soledade Landim), matrimoniar-se com Vicente Leite de Macêdo, filho do predito coronel Totonho (CALIXTO JÚNIOR, J. T. Venda Grande d'Aurora. Fortaleza, 2012, p. 113-115).
     Quando o coronel Totonho ameaçou retirar do poder Antônio Leite de Oliveira, por intermédio do filho Vicente Macêdo, cunhado dos filhos de Maricav Macedo, conseguiu a adesão deste, que, entretanto, recuaram a pedido dela. Com efeito, ela os obrigou a não tomarem parte na questão, porquanto o supracitado Antônio Leite de Oliveira fora dos maiores amigos do seu primeiro marido e, ademais, José Francisco de Sales Landim, irmão dela, era casado com Joana Leite de Oliveira, irmã do mesmo Antônio Leite de Oliveira. Foi desta forma que Marica Macêdo com sua gente passou a figurar no rol dos desafetos do coronel Totonho do Monte Alegre.
     Não se permite, entretanto, discorrer sobre este personagem marcante do coronelismo do Nordeste, sem que sejam citados dois dos mais contundentes episódios de Aurora, escritos com sangue: O ataque ao Sítio Taveira, de 16 para 17 de dezembro de 1908, e o massacre da Vila d'Aurora em 23 de dezembro de 1908, fatos estes dos mais bárbaros e representativos da historiografia do coronelismo regional desse período inicial do século passado. Sobre o primeiro evento, deu-se por inimizade aos membros da família Santos que atuavam desregradamente na área do Coxá, local de residência de muitos familiares e correligionários do Coronel do Monte Alegre. Por coincidência, escondia-se Marica Macedo com sua família no sítio Taveira, quando de viagem ao Cariri, sob ameaça de ataque ao seu sítio Tipi, pelo mesmo Coronel Totonho. No ataque, cai tombado Cazuzinha, que a época vivia com 17 anos. Ao chegar ao destino, reduto dos coronéis entrelaçados em forte parentesco com Marica, encontraram um clima de revolta, totalmente inconveniente ao Coronel Totonho e demais aurorenses envolvidos no massacre. A chegada sofrida da família constituiu em motivação fortíssima para a vingança violenta que ocorreria em 1908, no dia 23 de dezembro, onde cerca de 600 cangaceiros, comandados pelo Coronel José Inácio do Barro, fizeram sucumbir a pequena Vila d'Aurora após seis horas de intenso tiroteio. Casas foram incendiadas, assim como o comércio e fazendas, chegando a se ver estupros em moças de família, guardando-se o pior tratamento para as pessoas ligadas ao coronel Totonho Leite. 
     Os aurorenses que permaneceram na vila sofreram inomináveis violências por parte dos vândalos. O coronel Totonho fugiu para o Crato, donde foi ter ao oeste paraibano. Ali, refugiou-se no antigo São João do Rio do Peixe, à sombra do padre Joaquim Cirilo de Sá, mais conhecido por padre Sá, vigário da localidade e político de prestígio no Estado da Paraíba.
     Não demorou-se muito o Coronel Totonho no vizinho Estado da Paraíba. Em notícia do periódico caririense O Rebate (p. 2), de 25 de julho de 1909, apontam-se os nomes dos cidadãos Antônio Leite Teixeira Netto, Joaquim Vasques e Francisco Róseo, todos residentes na Vila de Aurora, como sendo os celerados convidados pelo Cel. Antõnio Luiz, do Crato, para tomarem a ombros a incumbência de acabamento e de destruição, fornecendo-lhes instruções, conforme o pensamento geral, para arrancarem acintosamente os marcos da demarcação do Coxá, requerida pelo Padre Cícero. Tendo conhecimento do episódio a Justiça local, mandou-se às pressas postarem-se quatrocentos homens aos pés dos aludidos marcos, guardando-as dos malfeitores, que pouco resistiram, sendo afinal batidos por aquela força, fugindo todos em debandada para o Crato, em cujas ruas alojaram-se. Não caíram mesmo assim os marcos, continuando de pé.
     Aos 13 de julho de 1910, em depoimento realizado ao Juiz Alfredo de Oliveira, em Lavras, afirma Joaquim Vasques Landim, o famigerado Quinco Vasques (o bravo caririense), terem sido alguns aurorenses, os mandantes da tentativa de deposição ao coronel Gustavo Augusto Lima, de Lavras, um dos mais importantes régulos do período coronelístico nordestino, filho da matrona Fideralina Augusto Lima. Ocorreu este cerco aos 6 de abril de 1910, com a invasão de cerca de 300 cangaceiros a fim de atear-lhe do poder lavrense. Do auto de perguntas, informa o réu terem sido Manoel Gonçalves Ferreira, Antônio Leite Teixeira Neto e Davi Saburá, os aurorenses mandantes do assalto ao coronel Gustavo Augusto de Lavras: “Antônio Leite concorreu com um conto de réis em dinheiro que lhe foi entregue por Joaquim Torquato, Manoel Gonçalves Ferreira concorreu com duas cargas de balas de rifles, entregues pelo mesmo Joaquim Torquato e Davi Saburá concorreu com um conto de réis em dinheiro, também entregue por Joaquim Torquato”. Indagado, ainda, Quinco Vasques, sobre a interferência de outros suspeitos no ataque ao coronel Gustavo, acrescenta nos laudos do interrogatório, o que segue: “(...) além desses mandantes o influenciaram mais para este ataque, Joaquim Torquato, José Torquato, Simplício Torquato, os filhos de Antônio Leite, Isaías e João, assim como quase todos os deportados de Aurora (...)”. Sobre o objetivo do ataque, informou: “era depor o coronel Gustavo e tomarem depois conta da cidade, a fim de melhor ser facilitada a retomada de Aurora, da qual seria novamente chefe, Antônio Leite (...)”.
     Veio a falecer em 1913, no dia 10 de dezembro, na Vila d'Aurora, vítima de complicações cardíacas e já em idade avançada. Operando de forma ativa no truculento litígio do poder em Aurora, foi ainda, além de Intendente Municipal e Subdelegado de Polícia, Vereador e Juiz Substituto. 
     De seu Inventário, datado de 6 de agosto de 1914, observam-se, além da lista de bens deixados aos herdeiros, os nomes dos mesmos, concebidos de seu único matrimônio com Ana Izabel de Macêdo:
1 – Manoel Antônio de Macêdo (falecido);
2 – Maria Leite de Macêdo (falecida);
3 – Josefa Leite de Macêdo (falecida);
4 – Joaquim Leite de Macêdo (casado);
5 – Vicente Leite de Macêdo (casado), residente no sítio Bordão de Velho;
6 – Antônia Leite de Macêdo, casada com João Leite de Figueiredo, moradores no sítio Barro Vermelho;
7 – Izaías Leite de Macêdo;
8 – Izabel Leite de Macêdo, casada com Alípio Leite Teixeira, morador no sítio Bordão de Velho;
9 – Raimundo Leite de Macêdo, solteiro, 24 anos de idade;
10 – Maria Izabel de Macêdo, solteira, 23 anos;
11 – Roza Leite de Macêdo, solteira, 22 anos;
12 – Gustavo Leite de Macêdo, solteiro, 20 anos.
(Autos de Inventário de Antônio Leite Teixeira Netto, 1914, proc.44, p. 5-6). 
     A título rápido de curiosidade, acerca desde último filho, casou-se com Maria das Dores Gonçalves, com quem teve nove filhos, e dentre estes, Francisco Leite de Macedo (Olavo Leite), ex-Prefeito Municipal de Lavras da Mangabeira, nascido em Aurora aos 28 de outubro de 1923, pai, do também ex-Prefeito de Lavras, Carlos de Olavo.
     De sua prole numerosa, destacam-se outros rebentos em vários segmentos, inclusive, Eclesiástico. Como exemplo, Deoclécio Leite de Macedo (Dom Hilário), Monge do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, Professor e Escritor, ordenado no Mosteiro de Baurox na Alemanha aos 22 de dezembro de 1937, nascido no sítio Bordão de Velho aos 16 de outubro de 1911, filho de Vicente Leite de Macedo e Joanna da Soledade Landim.



      

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

ACERCA DO MONSENHOR VICENTE PINTO





     Nasceu Vicente Pinto Teixeira (Monsenhor Vicente Pinto) em terras da Venda, aos 19 de julho de 1856, sendo o primeiro filho do lugar, na ordem do tempo, a tomar assento na Assembleia Legislativa do Ceará.
     Era o terceiro filho do Capitão Antônio Pinto Teixeira e Maria de São José Tavares, filha do Alferes João Luiz Tavares. 
     Foi levado à pia batismal aos 5 de setembro do mesmo ano de seu nascimento na Capela de São Benedito na Povoação da Venda pelas mãos do seu tio materno, o Padre José Luiz Tavares.
     Entrou para o Seminário aos 16 de março de 1871 (matrícula nº 226), onde recebeu do Bispo Dom Luis Antônio dos Santos (1º Bispo do Ceará) o subdiaconato aos 23 de novembro de 1879 e o diaconato em 30 do mesmo mês e ano. Aos 7 de novembro de 1880 ordenou-se sacerdote no seminário da Prainha em Fortaleza, cidade onde posteriormente exerceria a função de professor da Cadeia Pública (em substituição ao Padre Vicente Salazar da Cunha), Vigário Geral e Governador interino do Bispado do Ceará. Foi Coadjutor de Barbalha e Vigário de Trairi e Aratuba. Não aceitou a nomeação para coadjutor de Várzea Verde (11 de janeiro de 1881), tendo voltado à sua terra natal. Aos 10 de março de 1904, recebeu o título de Monsenhor, e aos 9 de maio do mesmo ano, foi nomeado Fabriqueiro da Sé, na Capital, em substituição ao Padre Francisco de Assis Pinheiro. Regeu interinamente a igreja do Coração de Jesus enquanto o Monsenhor Xisto Albano viajava à Palestina e Roma. Foi Vigário Geral interino de Fortaleza a 19 de julho de 1903. Governou o Bispado em 1914.
     Veio a falecer em 1941, aos 19 de setembro, após ter sido elegido a Monsenhor e ter sido eleito Deputado no período republicano à Assembleia cearense por quatro sucessivas legislaturas (1897 a 1900; 1901 a 1904; 1905 a 1908 e 1909 a 1912), embora com atividade política calcada no ciclo provincial. Foi vice-presidente da Assembleia em 1909.
     Em Aurora, serviu de cura até 1887, quando foi nomeado seu primeiro Vigário por provisão de 6 de julho de 1893, tomando posse no dia 30 seguinte. Fundou na terra que lhe serviu de berço, a Conferência de São Vicente de Paulo, e fez importantes reformas na Matriz do Menino Deus, assim como deu início à construção do cemitério público, ainda existente na Rua São Vicente em Aurora.


Extraído de: Venda Grande d'Aurora, Expressão Gráfica e Editora, Fortaleza, 2012, p. 39 -40.