domingo, 30 de setembro de 2012

VENDA GRANDE D'AURORA

Por: Dimas Macêdo




           Nenhuma das globalizações levadas a efeito pelo historicismo conseguiu eliminar da vida social aquilo que lhe é intrínseco: a afirmação das sociedades regionais e o desenvolvimento das instituições municipais. A globalização corresponde a um modelo de organização material, mas é incapaz de deter o curso da vida e a expansão criativa daqueles que se associam em nome de uma nova conquista social.
             Na região centro sul do Ceará, entre meados do século dezoito e final do século dezenove, firmou-se uma de nossas melhores civilizações, cuja capital localizou-se na velha Princesa do Salgado, a malsinada terra dos Augustos e do oráculo de São Vicente Ferrer.
              Ao seu redor, várias comunidades foram surgindo e se afirmando a partir de capelas e oratórios, construídos por núcleos civilizatórios de caráter parental, com o fim de preservar a religião católica romana e expandir o poder político do Império.
             A Povoação da Venda, hoje município de Aurora, é um desses núcleos civilizatórios a que me refiro. Liga-se à cidade de Lavras da Mangabeira pelo duto cavado pelo Rio Salgado e é recortada por vales e baixios que fariam a glória de qualquer comuna cearense.
            Surgiu do oratório ali levantado pelo Padre Antônio Leite de Oliveira, que em torno de si, a um só tempo, reunia as condições de pastor, proprietário, criador e reprodutor da gênese humana, que se foi expandindo para toda a região do Cariri.
           Vários acontecimentos históricos fizeram de Aurora uma comuna bastante conhecida em todo o Ceará. Cito o rumoroso caso das Minas do Coxá e as agitações que cominaram com a Questão de Oito, especialmente porque esses episódios foram escritos com sangue e com o tecido de diversos conflitos que se tornaram traços da história de toda a região.
             Aurora também se destaca por ser Pátria de Aldemir Martins e Hermenegildo de Sá Cavalcante e por ser a Terra Natal de Paulo Quezado e Lúcio Brasileiro, e por estar vinculada à história de Marica Macedo do Tipy, a brava cearense que enfrentou a polícia de Nogueira Accioly e se fez respeitada para além da sua região.
            Os historiadores do Sul do Ceará sempre se referiram a Aurora com entusiasmo, alguns condenando o seu banditismo, outros louvando a sua tradição ou exaltando a sua história gravada com fogo e heroísmo, outros ainda destacando a sua vocação econômica e social; mas nenhum deles pensou em Aurora como personagem principal ou como boca de cena de uma grande narrativa.
              O território de Aurora, enquanto objeto de pesquisa, agora está minado, e já não tem como ser diferente, pois o Professor João Tavares Calixto Júnior assumiu a condição de arauto da história de Aurora, a condição de seu pesquisador, privilegiando o seu burgo e a sua gente com a abertura de uma grande janela, voltada para a memória e para o registro de caráter cultural.
            Um método escolheu o autor para o registro da sua narrativa: a cronologia dos acontecimentos, com destaque para a louvação do calendário histórico e para a verificação apodítica, fazendo da história de Aurora uma ciência de grande interesse acadêmico, porque permeada pelos fatos e comprovada pelo rigor da pesquisa.
             Venda Grande d’Aurora (Fortaleza, Expressão Gráfica, 2012) é um livro que já nasce aberto para a louvação, pois foi escrito a partir de uma linguagem vigorosa, e com a paixão e o denodo dos que querem tomar a história em suas mãos, fazendo do sentido da vida a sua experiência.
            Trata-se, no caso do autor deste livro, de um historiador que sabe respeitar as suas linhas de pesquisas, que tem a história do Cariri gravada no seu sangue e o orbe do Salgado insculpido na sua consciência.
             Não me compete neste texto fazer a apresentação do autor nem resumir para o leitor a vertente dos acontecimentos. Cumpre-me, isto sim, falar da importância deste livro, da sua precisão histórica e da sua utilidade para os aurorenses e para os historiadores de todo o Ceará.
              Honrou-me o autor com o convite para escrever o prefácio deste livro, mas o que ele fez, em essência, foi homenagear a sua terra e distinguir a sua gente qual a espécime da raça cearense que ainda faz o Ceará renascer, pela tradição do seu povo e pelas lições de vida e de história que deu ao Nordeste do Brasil.
     

                                                        Fortaleza, 11 de agosto de 2012

Um comentário:

  1. Nós, pesquisadores da terra do Menino Deus, vemos o farol da luz brilhar sobre Aurora, cidade que nos umbrais do tempo sempre tangenciada de nomes, ou historiadores, que por motivos ainda não esclarecidos, num verdadeiro samba literário, a falta de pesquisas, ou a seriedade com a história, a invencionice a exaustão – hoje, já se pode dizer, que existe a história mitológica de Aurora.
    Quando tudo Parece ser inexorável a dramaturgia das origens da terra do Sol nascente, como um anjo de Luz aparece, como um defensor legítimo, um profundo conhecedor da história do Ceará, escritor renomado nacionalmente, um defensor intransigente da verdade e da verdade dos fatos, da legitimidade dos fatos o escritor DIMAS MACEDO, a prefaciar o Livro que tem no seu cerne a história pura e cristalina, sem sofisma, sem o filtro emocional do autor, um condor a, no espaço azul do infinito, betumar com a cera do racional, do lógico, do real aos meatos obtusos que não seria exagero dizer: o Buraco negro da história de Aurora.

    O Anjo de Luz – Dimas Macedo, dá a dosagem certa, um prumo sem curvas, a força gravitacional da terra a fazer o paralelo com a seriedade e o compromisso com a exigência de fatos verídicos, precisos, idos e vividos- sem espaço para a comédia, ou distorção do fluxo vivo vivido no espaço tempo.
    O Condor João Tavares Calixto Junior, sempre no respirar do hálito oxigenado da clarividência, diante de tanta ficção a terra que lhe viu nascer Aurora!!!! No templário da Arcádia medieval dá o seu voo certeiro, imparcial, e, com a sabedoria dos velhos monges e, dos grandes vultos da história da humanidade traz o que parecia perdido, tungado, ou quebrado o liquido que mantém vivo a memória do Homo Sapiens – {A historia }de Aurora no Estado do Ceará, no livro que revoluciona uma era, que nasce em um aurora de um anjo de luz e de um condor para dar materialidade a Aurora a voz, perdida no caniço quebrado – Voz História – Aurora!!!!
    Praza Deus que esta dupla de luz possa na abóbada celestial da região sul do Ceará, fortalecer a corrente da história, fonte de libertação do homem ao Paraíso de lisura histórica a frente de meu querido estado do Ceará.
    Luiz Domingos de Luna
    Pesquisador.

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