segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Nossa Flora em Chamas: Boqueirão de Lavras pactua com aumento de 85% dos focos de incêndio no Brasil.

      Pesquuisador Luiz Domingos de Luna em visita ao Boqueirão de Lavras - período antecedente aos incêndios . (Julho de 2010). 

      Ao se prolongar o período de estiagem (época das secas nas caatingas nordestinas), vê-se normalmente o hábito das queimadas em áreas agrícolas e florestais a se alastrar, agravando o problema que tende a crescer a cada dia, de Norte a Sul. Vê-se entretanto, grandes dificuldades de logística para a sua contenção. De acordo com relatório do Inpe, é a primeira vez, desde 2007, que se registra crescimento no número de focos de incêndio. Este número, acumula-se desde o dia 1.º de janeiro até ontem (15/08) e cresceu 85% em comparação ao mesmo período de 2009. O satélite NOAA-15, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), registrou 25.999 focos de incêndio em todo o País. De janeiro a agosto de 2009 haviam sido registrados 14.019 focos.
      Em Lavras da Mangabeira, boa parte da vegetação caducifólia espinhosa intacta existente na Serra do Boqueirão está ardendo. O fato acontece de forma sazonal constante e é principalmente inflamado pela falta de fiscalização e controle na região. A ação de caçadores e dos moradores do entorno da Serra  ajudam  a dar início às queimadas descontroladas, que aliada às caracteríticas naturais do ambiente xeromórfico, facilmente são disseminadas. Não existe uma política de punição a infratores, trabalhos de educação ambiental (salvaguardando alguns projetos isolados em alguns educandários), ou mecanismos de prevenção e controle de focos de incêndio.

Presença do fogo: Rastro visível de destruição da biodiversidade

      A flora do boqueirão, por vegetar em condições geo-litológicas diferentes da parte mais baixa do municipio, apresenta peculiaridades que gritam por conservação. Espécies arbóreas que frequentam a lista do IBAMA das ameaçadas de extinção, se transformam lentamente em carvão em meio ao descaso e impunidade vigentes. São Mulungus, Aroeiras, Braúnas, Golçalos-Alves, Carobas que gritam por socorro e pedem urgência. A caatinga é o bioma mais negligenciado com relação à conservação de sua biodiversidade, e apenas 3% de seus domínios estão protegidos sob forma de Unidades de Conservação, sendo apenas 1,7% em Unidades de Proteção Integral. 
      O Boqueirão de Lavras, área de relevante beleza cênica, paisagística e ecológica, suplica por um olhar, por um abraço amigo que deixe transparecer respeito e gratidão, e atente ao fato da inigualável importância que o mesmo tem para Lavras da Mangabeira e o Estado do Ceará. Esquecido como está, sem haver sequer uma sombra de interesse em  transforma-lo em  Unidade de Conservação (nunca se pensou em abrir licitação para contratação de empresa especializada para esta função), o Boqueirão está padecendo, e sucumbirá num futuro não muito distante, diante de ações e omissões que o assemelham mais a um comentário besta no jornal de ontem, do que prontamente a um cartão postal bestial, de tamanha imponência e magnitude como o é.


Aspecto da Composição Florística da Serra do Boqueirão de Lavras (Antes e após incêndio) 














Imgens: João Tavares Calixto Júnior
Cortesia: Blog do Geopark Araripe (incêndio)

Um comentário:

  1. Bom dia Amigo, gostaria de saber se tem como você disponibilizar o número para contato com alguém do boqueirão pra ter mais informações, pois estou interessado em visitar o local.
    Desde já Agradeço!

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