Foto: Fernando Tatagiba
A mangabeira (Hancornia speciosa Gomes) é uma árvore frutífera de clima tropical, nativa do Brasil e encontrada em várias regiões do País, desde Tabuleiros Costeiros e Baixadas Litorâneas do Nordeste, onde é mais abundante, até os cerrados das regiões Centro-Oeste, Norte e Sudeste. Apresenta frutos aromáticos, saborosos e nutritivos, com ampla aceitação de mercado, tanto para o consumo in natura, quanto para a indústria.
A palavra mangaba é de origem indígena e significa coisa boa de comer . A mangaba ou mangabeira pertence ao grupo das Eudicotiledoneas, ordem Gentianales e a família Apocynaceae É uma árvore de porte médio, possuindo de 2 a 10 m de altura, podendo chegar a até 15 m, dotada de copa irregular, tronco tortuoso, bastante ramificado e áspero; ramos lisos e avermelhados. Toda a planta exsuda látex. Apresenta folhas opostas, simples, pecioladas, glabras, brilhantes e coriáceas. Sua inflorescência possui de 1 a 7 flores perfumadas e de coloração branca.
A mangabeira é uma planta perenifólia de clima tropical, ocorrendo, sobretudo, em áreas de vegetação aberta, com temperatura média ideal entre 24 e 26°C. Apresenta maior desenvolvimento vegetativo nas épocas com temperatura mais elevada e, a pluviosidade ideal pode estar entre 750 e 1.600 mm anuais. Os solos nos quais se desenvolve são pobres e arenosos, predominantes na região do Cerrado e Tabuleiros Costeiros.
Apesar de ouvirmos falar nesta planta que empresta o seu nome a nossa cidade, não temos indícios desta árvore por aqui (Lavras e Microregião de Lavras da Mangabeira). A mangaba, que tem um potencial de aproveitamento muito variado, onde principalmente os frutos tem um valor comercial significativo é caracterizada antes de tudo por ter maior aplitude em ambientes de cerrado, e não de caatinga arbóreo-arbustiva e arbórea como temos acá.
Estudos etnobotânicos realizados com populações tradicionais em Lavras não apontam a presença desta espécie como sendo típica da região. Os mesmos estudos em outras localidades indicam a eficiência da planta quando empregada contra tuberculose, úlceras, herpes, dermatoses e verrugas., já na região em questão, são outras espécies as citadas como úteis para os mesmos fins. Não há registros históricos que a citem como produtora de látex na região, já que foi bastante explorada no período áureo da borracha, entretanto, o melhor desempenho da borracha de Hevea brasiliensis se impôs sobre a sua produtividade.
Nunca se saboreou na região, um sorvete de mangaba, ou um doce, ou compota, ou geléia ou licor, que fosse feito com o fruto retirado da planta no quintal de casa. Nunca se ouviu comentar por parte de nenhum apicultor local, de mel coletado em floração da planta e nem se viu também, a árvore que batiza a cidade querida, em suas ruas, praças ou avenidas.
É preciso saber para onde foram as mangabeiras, quem as retirou, ou se pelo menos existiram um dia. Retifiquemos neste blog, portanto, o uso incorreto ou pelo menos incoerente, do termo: "Árvore muito comum na região" como tem-se visto em textos alusivos à etimologia do nome da cidade, inclusive no site Wikipédia e no próprio portal da Prefeitura Municipal. Muito provavelmente, a verdadeira toponímia explica o nome da cidade atribuída à exploração mineral (Lavras), realizada em grande parte na Fazenda do Padre Antônio Gonçalves Sobreiro (Fazenda Mangabeira) em meados do século XVIII. Por que o nome da cidade vêm da homenagem à árvore que insistimos hoje em procurá-la e não encontramos, nem parte de seus resquícios? Poderia desta forma, se elaborar um trabalho etnobotãnico, histórico, dirigiido, onde se pudesse resgatar a origem da mangaba em nossa terra e o motivo do verdadeiro nome da cidade.
Foto: Fernando Tatagiba
Já que não se pode ignorar a homenagem batizada há tanto tempo e imortalizada, que pelo menos se plante a espécie em nossos fincões, e que seja divulgada como sendo de importância histórica e cultural, pra que um dia possamos falar de suas vantagens ecológicas e se lambuzar com o delicioso doce de sua fruta retirada do pé em frente a calçada de casa.
Foto: Fernando Tatagiba
Já que não se pode ignorar a homenagem batizada há tanto tempo e imortalizada, que pelo menos se plante a espécie em nossos fincões, e que seja divulgada como sendo de importância histórica e cultural, pra que um dia possamos falar de suas vantagens ecológicas e se lambuzar com o delicioso doce de sua fruta retirada do pé em frente a calçada de casa.