terça-feira, 29 de junho de 2010

O Nascimento da Consciência Ecológica


Por: Luiz Domingos de Luna*

O cheiro dos seres humanos é algo muito forte, via de regra, usamos os nossos sentidos como janelas para o mundo individual, de fato, a silhueta do homo sapiens corrobora para a o egocentrismo do nosso ser, nós somos meros captadores e consumidores de meio externo, porém, não há uma preocupação com a natureza, até parece, que esta despreocupação está timbrada no nosso DNA, em prosseguimento, as formas sociais vão desenhando o espaço pensamental de cada um, pois, vive-se numa eterna fábrica de seres humanos, ou desumanos, o circulo cultural permeado, tem um potencial modificador, capaz inclusive, de mascarar o direcionamento biológico na conspiração cotidiana de destruição do espaço, ao custo de reclames da mãe natureza, a chorar eternamente em berço esplêndido. Por enquanto e até quando?

O Contrato Social é a base, ou motor primeiro, para a harmonia do homem no espaço tempo, vez que, um contrato obsoleto cria sempre a preocupação com o substrato dos seres humanos na fixação no planeta terra, masmorras para sociedade, ou presilhas inoportunas, que inviabilizam a harmonia na floresta humana e, na maioria das vezes, um deserto árido para o meio ambiente.

O Nascimento pleno da consciência ecológica nasce, quando o ser humano for capaz de colocar a sua objetiva para o mundo exterior, observar a paisagem existencial geográfica, observar que o disforme ecológico, é uma coletânea dos disformes individuais e sociais, a elasticidade do tempo, esta geléia vai ganhando corpo, solidez e unicidade. É este monstro que assusta a sociedade e a coletividade humana como um todo - O Homem como o centro de destruição do planeta terra.

Falta ao ser humano o pigmento radioativo do bem comum, em todas as suas dimensões, desde o menor tecido sociológico ao maior.

Desde o mais frágil ecossistema(...)

Enquanto não existir uma conscientização de contrato social que dê a legitimidade, a legalidade as inúmeras espécies que formam a variante do conjunto da totalidade, do todo em partes, da biodiversidade existencial, das forças internas presente em cada um, para a disposição, da aptidão do estar sempre a serviço do bem comum e, do crescimento com sustentabilidade ecológica, por que no final das contas, somos a massa humana planetária em movimento, num carrossel giratório, na roldana deste tapete tortuoso – todo planeta sofre, se abala e chora.

(*) Professor- Aurora -Ceará

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Festas Juninas: Enquanto se festeja a vida, a natureza lamenta a morte.

Um mês inteiro em que as pessoas se confraternizam, numa época de fartura, tendo em vista que corresponde a época da colheita do milho e do feijão. Neste período ocorrem os festejos juninos, onde tem forte expressão a queima da lenha em fogueiras que são acesas principalmente nas datas comemorativas do Dia de Santo Antonio (13/06), São João (24/06) e São Pedro (29/06).

Há mais de 2000 anos, por exemplo, quando estas festas ocorriam inicialmente como um culto do paganismo romano, posteriormente adaptado como um culto católico, a pressão sobre os recursos naturais era muito baixa, os avanços científicos eram incipientes e a população mundial, segundo a enciclopédia Britânica, era de aproximadamente 300 milhões de habitantes.

Atualmente a população do planeta chegou a 6,5 bilhões de habitantes, com um desenvolvimento tecnológico e industrial inimaginável, resultando em forte pressão sobre os elementos naturais, degradando o meio natural e com a produção de resíduos artificiais.

No caso da região de clima semiárido um grave problema ambiental, além da pobreza é o desmatamento da vegetação nativa, em termos gerais inexistem ações voltadas para o manejo da caatinga.

A madeira proveniente dos desmatamentos vai alimentar fornos de olarias, padarias, siderúrgicas; para o cozimento de alimentos, aquecimento de ambientes; como material de construção, incluindo estruturas de madeira, produção de móveis e utensílios domésticos e objetos de arte.

O período junino alimenta fogueiras. Diante do perigo de desertificação a que está sujeito o semiárido é preciso repensar este hábito milenar com base na ética da sustentabilidade ambiental, tendo em vista que no século XXI precisamos pensar em alternativas que causem menores impactos ambientais.

No município de Lavras da Mangabeira uma fogueira tem um volume médio de madeira empilhada de 0,74 st, considerando que 30% das residências acendem uma fogueira no período junino, tem-se 2900 fogueiras. A área desmatada para fornecer lenha para estas fogueiras corresponde a 69 hectares de caatinga medianamente preservada.

As espécies mais utilizadas no município para se confeccionar a fogueira são Catingueira (Caesalpinia pyramidalis Tull), Jurema-Preta (Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.), Mofumbo (Combretum leprosum Mart), Marmeleiro (Croton sonderianus Muell. Arg.).

As florestas têm um importante papel na manutenção da vida: influem no clima, tornando-o mais ameno; conservam as fontes de água, favorecem que as águas da chuva infiltrem e ocorra menor erosão do solo; diminuem a velocidade dos ventos. Servem de abrigo e alimentação para os animais terrestres e alimentação para os aquáticos; aumenta a fertilidade natural do solo. Além de ser espaço para o lazer.

A falta de uma cultura que valorize o replantio de árvores tem causado sérios problemas ambientais para o semi-árido, por exemplo, Segundo Maia, (2004) “o nosso sertanejo não se preocupou em repor essas árvores, porque pensou que ‘no mato tudo cresce sozinho, não é preciso plantar mato’. Ele continuou apenas colhendo durante várias décadas. Isso, junto com o sobrepastoreio pelos rebanhos, levou ao empobrecimento da vegetação nativa que se encontrava na propriedade dele. Vinte ou trinta anos depois quando seus filhos queriam construir uma casa para sua família não tinha mais madeira de aroeira ou outra espécie adequada nas dimensões desejadas”.

Se for impossível abrir mão desta tradição sugere-se as seguintes alternativas para minimizar o uso de lenha no período junino: fogueiras comunitárias (sem aumentá-la de tamanho!), Fogueiras com material de demolição (restos de construção) e uma maquete de fogueira.

Façamos a nossa parte por uma caatinga menos devastada!

“SE TIVÉSSEMOS CONSCIÊNCIA DO TEMPO QUE A NATUREZA LEVA PARA SE RECUPERAR DO MAL CAUSADO PELA RETIRADA INDISCRIMINADA DE LENHA, PRECISARÍAMOS DE UM MOTIVO MAIOR QUE A TRADIÇÃO PARA QUEIMAR FOGUEIRAS”