quarta-feira, 23 de novembro de 2011

CHECKLIST parcial da flora vascular da Serra do Boqueirão - Lavras da Mangabeira, CE


Aspecto da Vegetação da Serra do Boqueirão (Novembro de 2011).
Foto: João Tavares Calixto Júnior 
(*)
FAMÍLIA/ESPÉCIE


ANACARDIACEAE
Myracrodruon urundeuva Allemão
Anacardium sp.
Astronium fraxinifolium Schott
Schinopsis brasiliensis Engl.

ANNONACEAE
Duguetia riedeliana

APOCYNACEAE
Aspidosperma pyrifolium
Aspidosperma multiflorum
Aspidosperma sp.
Aspidosperma discolor

ARACEAE
Philodendron imbe Schott

ARECACEAE
Acrocomia intumecsens Drude

ASCLEPIADACEAE
Calotropis procera (Ait.) Ait.f.

ASTERACEAE
Vernonia sp.

BIGNONIACEAE
Anemopaegma sp.
Jacaranda jasmsnoides (Thunb.)
Tabebuia impetiginosa (Mart.)
Tabebuia serratifolia (Vahl.)
Arrabidae agnus-castus

BIXACEAE
Cochlospermum vitifolium (Willd.) Spreng.

BOMBACACEAE
Pseudobombax marginatum

BORAGINACEAE
Auxemma oncocalyx (Allemão) Taub.
Cordia tricotoma
Heliotropium sp.

BROMELIACEAE
Bromelia plumiere (E. Morren)
Bromelia laciniosa (Mart.)
Encholirium spectabile Mart.
Tillandsia recurvata L.

BURSERACEAE
Comiphora leptophleous (Mart.)

CACTACEAE
Cereus jamacaru DC.
Pilosocereus pachycladus
Pilosocereus gounellei
Melocactus violaceus
Tacinga sp.

CAESALPINIACEAE
Bauhinia sp.
Caesalpinia microphylla Mart. ex G.
Chamaecrista supplex (Mart.ex Benth.)
Hymenaea courbaril
Peltogyne confertiflora (Hayne) Benth.
Senna barnebyana A.Fern.
Senna splendida (Vog.)

Senna trachypus (Benth)
Senna spectabilis (DC.) H.S. Irwin & Barneby
Sclerolobium aureum
Caesalpinia ferrea Mart.

CAPPARACEAE
Cleome spinosa Jacq.
Caparis flexuosa L.
Capparis yco Mart

CYPERACEAE
Cyperus rotundus
Cyperus sp.

CHRYSOBALANACEAE
Licania rigida Benth.

COMBRETACEAE
Combretum leprosum Mart.
Thyloa glaucocarpa (Mart.)

CONVOLVULACEAE
Ipomoea asarifolia (Desv.) Roem. &
Schult.
Ipomoea carnea Jacq.
Merremia aegyptia

DILLENIACEAE
Curatella americana L.

ERYTHROXYLACEAE
Erythroxylum barbatum

EUPHORBIACEAE
Cnidoscolus vitifolius Pohl.
Croton jacobinensis
Croton zehnteneri Pax.
Croton sp
Croton campestris
Jatropha curcas L.
Phyllanthus niruri L.

FABACEAE
Dioclea violacea
Swartzia flaemingi Raddi.
Piptadenia obligua (Pers.)
Amburana cearensis
Himenaea sp.
Piptadenia stipulacea Ducke
Lonchocarpus araripensis Benth.
Luetzelburgia auriculata (Allemão) Ducke
Dalbergia cearensis Ducke
Erithrina velutina Willd. 
Geoffroea spinosa
Krameria sp.
Macroptilium lathyroides

FLACOURTIACEAE
Lindckeria ovata (Benth)

KRAMERIACEAE
Krameria tomentosa

LAMIACEAE 
Hyptis suaveolens (L.) Poit.

LORANTHACEAE
Struthanthus sp.

MALVACEAE
Pavonia glazioviana

MELIACEAE
Cedrela odorata L.

MIMOSACEAE
Acacia glomerosa Benth.
Acacia langsdorfii
Albizia inundata (Mart.)
Calliandra spinosa Ducke
Chloroleucon foliolosum
Anadenandhera macrocarpa
Mimosa lewisii Barneby
Mimosa tenuiflora
Mimosa caesalpiniaefolia Benth.
Piptadenia stipulacea

MYRTACEAE
Eugenia tapacumensis O. Berg
Eugenia aurata

NYCTAGINACEAE 
Guapira graciliflora (Mart. ex J.A. Schmidt) Lundel.
Boerhavia diffusa

OLACACEAE
Ximenia americana L.

POACEAE
Andropogon sp.               
Eleusine indica (L.)
Aristida sp.
Aristida adscensionis
Paspalum sp.
Sporobolus indicus
Leptochloa sp.
Cenchrus echinatus
Macroptilium panduratum

PONTEDERIACEAE
Heteranthera sp.
Pontederia sp.

RHAMNACEAE
Ziziphus joazeiro Mart.

RUBIACEAE
Chomelia cf.obtusa
Tacoyena formosa

SAPINDACEAE
Paullinia affl elegans Cambess.
Talisia sculenta Radlk.

SAPOTACEAE
Sideroxylon obtusifolium (Humb. ex
Roem. & Schlut.) T.D. Penn

SOLANACEAE
indeterminada

SIMAROUBACEAE
Simarouba amara Aubl.

STERCULIACEAE
Guazuma ulmifolia L.

TURNERACEAE
Turnera sp.

VERBENACEAE
Lantana camara L.
NOME COMUM



Aroeira
Cajuí
Gonçalo-Alves
Braúna


Camucá


Pereiro
Pereiro-branco
Piquiá
Bordão-de-velho


Imbé


Macaúba


Saco-de-velho


Camará


Desconhecida
Guabiraba
Pau d’arco-roxo
Pau d’arco-amarelo
Cipó-unha-de-lagartixa

Pacoté



Embiratanha


Pau-branco
Freijó
Fedegoso


Croatá
Macambira1
Macambira2
Barba-de-velho


Imburana-de-espinho


Mandacaru
Facheiro
Xique-xique
Coroa-de-frade
Quipá


Mororó
Catingueira
Desconhecido
Jatobá
Jatobá-de-arara
Flor-de-besouro
Canafístula-de-rapousa
Canela-de-veado
Canafístula

Cravoeiro
Pau-ferro


Mussambê
Feijão-bravo
Icó


Tiririca-roxa
Titirica


Oiticica


Mofumbo
Sipaúba


Salsa

Algodão-bravo
Jitirana


Sambaíba


Mama-cadela


Cansanção
Marmeleiro
Canelinha
Marmeleiro-branco
Velame
Pinhão-branco
Quebra-pedra


Mucunã
Jacarandá
Angico-de-bezerro
Imburana-de-cheiro
Jatobá
Jurema-branca
Sucupira
Pau-mocó
Violete
Mulungu
Umarizeiro
Ratânia
Priquitinha


Mamona-brava


Carrapicho-de-cavalo


Alfazema-brava


Parasita


Guaxuma


Cedro


Espinheiro
Calumbi
Muquém
Marizeira
Arapiraca
Angico
Jureminha
Jurema-preta
Sabiá
Jurema-branca


Goiabinha
Batinga-branca


Pau-piranha

Pega-pinto


Ameixa


Capim 1
Pé de galinha
Capim 2
Capim-panasco
Capim 3
Capim-capeta
Capim 4
Carrapicho
Oró


Aquática 1
Aquática 2


Juazeiro


Pimentinha
Genipapo-bravo


Mata-fome
Pitombeira


Quixabeira



Indeterminada


Pau-paraíba


Mutamba


Chanana


Chumbinho



HÁBITO



Árvore
Árvore
Árvore
Árvore


Arbusto


Arbusto
Arbusto
Árvore
Arbusto


Erva


Árvore


Arbusto


Arbusto


Trepadeira
Arbusto
Árvore
Árvore
Trepadeira


Árvore



Árvore


Árvore
Árvore
Erva


Erva
Erva
Erva
Erva


Árvore


Arbusto
Arbusto
Arbusto
Erva
Erva


Arbusto
Árvore
Erva
Árvore
Arbusto
Árvore
Arbusto

Arbusto
Árvore

Arbusto
Árvore


Arbusto
Arbusto
Árvore


Erva
Erva


Árvore


Arbusto
Árvore


Arbusto

Arbusto
Trepadeira


Arbusto


Erva


Arbusto
Arbusto
Arbusto
Arbusto
Árvore
Árvore
Erva


Arbusto
Árvore
Árvore
Arvore
Árvore
Arbusto
Árvore
Árvore
Árvore
Árvore
Árvore
Erva
Erva


Arbusto


Erva


Erva


Trepadeira


Arbusto


Árvore


Árvore
Arbusto
Árvore
Árvore
Arbusto
Árvore
Arbusto
Arbusto
Árvore
Árvore


Árvore
Arbusto


Arbusto

Erva


Arbusto


Erva
Erva
Erva
Erva
Erva
Erva
Erva
Erva
Erva


Erva
Erva


Árvore


Arbusto
Arbusto


Árvore
Árvore


Árvore



Arbusto


Árvore


Árvore


Erva


Arbusto



VEGETAÇÃO



ca, cc, ce, ms, mc
ce, cc
ce, ca, ms
ca, mc


cc


ca
ce
ce
ca 


mc


ca, ce, ms





cc


mc
ca, ce, ms
ca, ce, mc
ce, ma
mc 


ca,



ca, ce


ca
ca, cc, mc




mc 

mc


ca, ce


ca, ce, mc
ca, mc
ca, mc
ca



ca, ce
ce, cc, mc, ms

ca 
ce, cc 

ca, ce

ca, ce, cc
ca, ce

ca
ca, ce, ms



ca
ca, ce, mc






ca, mc


ca, ce, mc
ca, ce, 








ce





ca, ce
ca, mc



ca
ca, ce, ms


ce
ca, ce
ce
ca, ce
ce, ca, ms
ce, mc
ce
ca 
ca, mc
ca
ca, ce, mc
ca, mc



mc


ca,ce


ca, ce





ca, mc


ca, 


ca, ma
ca, 
ca
ca, mc
ca, ce
ca, ce, mc

ca
ca, mc
ca


ce
ce


ce, ca

ce, ca, cc, ms


ca, ce, ms


ca, ce
ca, ce
ca, ce 
ca, ce
ca, ce










ca, mc



ca, ce, mc



ca, ce, cc


ca, ce, cc






ca, ce, cc


ca, ce










Onde: ca - caatinga; ce - cerrado; cc - carrasco; ms - mata seca; mc - mata ciliar (rio Salgado).

(*) Extraído e adaptado de:  

CALIXTO JÚNIOR, J.T. et al. Levantamento da Composição Florística da Vegetação de Caatinga, Serra do Boqueirão, Lavras da Mangabeira - CE. Anais da XXX Reunião Nordestina de Botânica, Crato, CE, 2007.
CALIXTO JÚNIOR, J.T. et al. Estrutura e Valor Utilitário da Vegetação Lenhosa às Margens do rio Salgado, Lavras da Mangabeira - CE. Anais da XXX Reunião Nordestina de Botânica, Crato, CE, 2007.
CALIXTO JÚNIOR, J.T. et al.  Florística e Fitossociologia de um remanescente de caatinga arbóreo-arbustiva na Serra do Boqueirão. Anais do 59º Congresso Nacional de Botânica, Natal, RN, 2008.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

SEMACE e CONPAM em Lavras da Mangabeira

Por: João Tavares Calixto Júnior (*)

Aspecto da abertura da Gruta do Boqueirão


   Nesta última quarta-feira (09/11) fizeram-se presentes em Lavras da Mangabeira, técnicos da Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Ceará (SEMACE) e do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (CONPAM). Encaminhados pela Dra. Goretti Gurgel (CONPAM), os mesmos visitaram o local conhecido por Serra do Boqueirão, onde através de proposta encaminhada ao órgão, poderá ser implantada uma unidade de conservação (UC) no local. Além da Serra, os técnicos visitaram a lendária Gruta do Boqueirão, ainda não cadastrada pela Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE), sendo, portanto, desconhecida perante a comunidade científica.
   Depois de dois dias de estada em Lavras da Mangabeira, os mesmos salientaram a importância biológica do local visitado, assim como sua beleza cênica e paisagística, apontando inclusive, inúmeros pontos de impactos ambientais causados por intervenção antrópica. 
   Apesar de já existir um projeto de instauração de uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) encaminhado por um dos proprietários das terras que envolvem a proposta de criação da UC, se faz necessária a intervenção do poder público para a preservação da Serra do Boqueirão. 
   De acordo com o projeto enviado ao CONPAM, são aproximadamente 810 ha de área total a serem conservadas, englobando cerca de 20 proprietários de terrenos em seus limites. 
   Segundo Luiz Neto, um dos técnicos presentes na área, serão enviados à Prefeitura Municipal de Lavras da Mangabeira, relatório e solicitação de proposta de criação de UC a nível municipal. "Não havendo interesse do município em criar a unidade de conservação, o estado poderá se encarregar da pauta." Frisou o técnico.


     




(*) Texto e Fotos - Professor, Biólogo (CRBio: 36.967/5-D)

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Lavras (1907): A deposição do Coronel Honório Lima


Joaryvar "Imortal" Macêdo
  
   O mais curioso de todos os casos de deposição, em face do ineditismo que o marcou, ocorreria precisamente no dia 26 de novembro de 1907, em Lavras da Mangabeira. Foi quando dona Fideralina Augusto Lima e o filho Gustavo Augusto Lima, aliados, apearam do poder, a bacamarte, o coronel Honório Correia Lima, também filho dela, aliás o mais velho dentre seus rebentos varões.
   O episódio, na verdade, revestindo características singulares, aparece, no testemunho de informantes, com uma versão, que pode resumir-se como segue.
   Detendo o coronel Honório Correia Lima, de sociedade com a genitora, o poder político, e nomeado para o cargo de intendente municipal de Lavras da Mangabeira, seu irmão Gustavo Augusto Lima, ambicionando as posições ocupadas por ele, exerceu fortes pressões sobre dona Fideralina, no sentido de rechaçá-lo. Terminou ela cedendo às coações, dando-se a conflagração, que resultou na queda de Honório.
   Forte e prestigioso, com o desempenho do mandato de deputado estadual por três sucessivas legislaturas, o coronel Honório, a qualquer momento em que desejasse, facilmente e à revelia de dona Fideralina, conseguiria do governo do Estado sua nomeação para o cargo de intendente de sua terra. Foi o que acabou acontecendo.
   Nomeado intendente municipal, algumas circunstâncias preponderantes apressariam a deposição do coronel Honório, com a qual, inicialmente, não concordara, em absoluto, dona Fideralina, a despeito de ter ficado extremamente descontente e sentindo-se postergada com a referida nomeação. O ato governamental afastara, automaticamente, da intendência seu velho e fiel correligionário, coronel Manuel José de Barros, guindado ao poder, por influência dela.
   Dos mais difíceis, aquele transe para a velha mandona de Lavras da Mangabeira. O filho Gustavo passou a pressioná-la, no sentido de apear do poder a Honório, porquanto já havia este, anteriormente, exercido o cargo por duas vezes, uma interinamente, três mandatos de deputado estadual, enquanto ele, que nunca divergira da orientação dela, até aquela altura, ainda não tivera vez na política do município. Coagida pelo filho, tentou dona Fideralina, por todos os meios, evitar um desfecho violento, insistindo junto a Honório, até por entre rogos os mais patéticos, abrisse mão do cargo em favor de Gustavo. Irredutível, porém, permanecia o coronel Honório.
   Após a última altercação entre ela e o filho, dona Fideralina, em conciliábulo com Gustavo e o coronel Manuel José de Barros, velho e incondicional amigo e correligionário dela, afastado, compulsoriamente, do cargo de intendente face à nomeação do coronel Honório, confabulou com eles em torno da deposição deste.
   O ataque a Lavras da Mangabeira contou com o expressivo apoio dos coronéis Antônio Joaquim de Santana, de Missão Velha, e Domingos Leite Furtado, de Milagres. Expediram eles para a velha localidade cerca de quatrocentos cabras, uma parte do Cariri, e outra procedente de Pernambuco, das regiões do Riacho do Navio e Pajeú das Flores.
   Reunido no território de dona Fideralina, o numeroso e dantesco bando, antes da investida, ouviu dela, dentre outras, esta veemente admoestação: "Quem acertar um tiro no Torto morre!" O Torto era Honório, que, sendo estrábico, assim o alcunharam. Na velha matrona, ciente da gravidade do momento, falara bem alto o instinto materno.
   Não conseguindo resistir ao cerco, o coronel Honório capitulou.
   Derrotado, retirou-se ele, com a família, para a localidade de São Pedro, hoje cidade de Caririaçu...




Transcrição do Livro Império do Bacamarte
Joaryvar Macêdo - UFC, Casa de Cultura José de Alencar,
Fortaleza, 1990.